Elmar sobre candidatura na Câmara: não posso colocar minha vontade pessoal acima dos partidos
Ao chegar para uma reunião na sede do União Brasil na manhã desta quinta-feira, 31, o deputado Elmar Nascimento (BA) evitou cravar, mas sinalizou pela primeira vez que pode desistir de concorrer à presidência da Câmara. Ele disse que não colocará sua vontade pessoal acima do que desejam os partidos que o apoiaram.
O líder do União tem sido pressionado desde quarta-feira, 30, pela cúpula de seu partido a abandonar a candidatura. A sigla quer aderir a Hugo Motta (Republicanos-PB) para não perder espaços de poder na Casa, após o deputado paraibano formar uma ampla aliança, que vai do PT ao PL.
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"Eu já cheguei muito longe do que eu achava que poderia chegar. Esse processo eu já comecei perdendo. Perdi um amigo que eu considerava que era o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira", declarou Elmar.
"Não posso desistir do que não é meu. A candidatura é do meu partido e dos outros que estavam me acompanhando", emendou o deputado. "Se todos decidirem (pela desistência), eu tenho que refletir sobre isso. Não posso colocar a minha vontade pessoal acima da vontade dos companheiros. Além disso, é uma questão de que eu sou o líder do partido", disse.
Elmar chegou a ser considerado o favorito de Lira para sua sucessão, mas acabou preterido pelo alagoano, que lançou Motta para a eleição que ocorrerá em fevereiro. O líder do União tem dito a aliados que houve quebra de confiança por parte de Lira e que está decepcionado o deputado alagoano.
Após ser preterido por Lira em setembro, Elmar rompeu relações com o presidente da Câmara, de quem era amigo pessoal. Os dois só voltaram a conversar neste mês, de forma protocolar, quando Lira fez uma ligação ao deputado do União para falar sobre votações no plenário da Casa.
Para tentar se contrapor a Motta e Lira, Elmar fez uma aliança com o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que agora também é pressionado a abandonar a candidatura à presidência da Câmara.
Motta já conseguiu o apoio de PT, PL, MDB, Podemos, PP e PCdoB, além de seu próprio partido, o Republicanos.
Nas últimas semanas, Elmar fez também uma imersão no petismo para tentar conquistar o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele procurou os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
O líder do União se encontrou ainda com integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), berço político de Lula, e com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Até setembro, quando ainda era considerado o favorito de Lira na disputa, Elmar tinha a simpatia de parte da bancada do PT, embora acumule um histórico de atritos com o partido na Bahia. No entanto, após Motta tornar-se o candidato de Lira, a liderança da bancada petista passou a negociar com o líder do Republicanos.
A resistência a Elmar no PT vem não só do histórico de disputas na Bahia com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, mas também do fato de ele já ter chamado Lula de "ladrão" e ter atuado a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff desde o início do processo.