Eleições 2024: apoio de Nikolas Ferreira resultou em mais derrotas do que vitórias
Apesar das derrotas dos candidatos bolsonaristas, a extrema direita amplia suas bases nas prefeituras e fortalece a estratégia política de Nikolas e Gustavo Gayer nas eleições municipais de 2024O deputado federal Nikolas Ferreira, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiou publicamente 68 candidatos nas eleições municipais de 2024. O apoio resultou em mais derrotas do que vitórias. Do total, apenas 20 foram eleitos, contra 47 derrotados.
Destes, 50 candidatos eram de Minas Gerais, seu reduto eleitoral. Os dados do levantamento são do Intercept Brasil, que analisou as publicações das redes sociais de apoio do deputado federal aos candidatos bolsonaristas.
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No primeiro turno, Nikolas Ferreira ajudou a eleger os vereadores mais votados de São Paulo e Belo Horizonte (MG), capitais com os maiores números de eleitores do País. Em seguida, Nikolas atuou para alavancar as candidaturas bolsonaristas nas capitais brasileiras no segundo turno, com ação direta em Fortaleza (CE) - onde esteve duas vezes, Campo Grande (MS) e Belo Horizonte (MG).
O deputado federal mineiro foi um dos principais cabos eleitorais do PL durante as eleições municipais de 2024. Em Fortaleza, Nikolas protagonizou apoio a André Fernandes (PL). A cidade foi palco do principal confronto pelo Executivo municipal entre um candidato do partido do presidente Lula, do PT, e um candidato do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Na capital cearense, Nikolas participou de um comício com aspectos religiosos, ao lado do deputado federal e candidato a prefeito de Fortaleza, André Fernandes, na noite do dia 24 de outubro de 2024.
Os dois apareceram dançando o jingle “tchau, tchau PT”, em ritmo de axé, vestidos de camisetas estampadas com a frase “bloco do 22”, durante disparos de fogos de artifício entre o aglomerado de pessoas.
Em outro momento, divulgado no perfil das redes sociais de André Fernandes, Nikolas inicia a oração “Pai Nosso”, enquanto a multidão de apoiadores ecoa junto a oração com as luzes dos celulares acesas.
Apesar disso, o apoio foi insuficiente para garantir a vitória de André Fernandes, derrotado no 2° turno pelo candidato petista, Evandro Leitão. No total, Evandro Leitão (PT) venceu com 716.133 votos (50,38%). Do lado bolsonarista, André atingiu 49,62%, somando 705.295 votos.
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Na capital Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio tem forte influência, Nikolas aparecee nas redes sociais da candidata eleita Adriane Lopes (PR) para reforçar a campanha da sua reeleição no 2° turno.
Adriane Lopes se reelegeu com 222.699 votos (51,45%), contra a adversária Rose Modesto (União), que obteve 210.112 votos (48,55%).
Em apoio a Bruno Engler (PL), que tentava se eleger ao Executivo de Belo Horizonte, Nikolas participou do último ato de campanha do candidato e o acompanhou no último debate eleitoral da cidade.
Nesse suporte à campanha de Bruno Engler, Nikolas saiu enfraquecido pela derrota do candidato na capital mineira, sua cidade natal. Fuad Noman (PSD) foi eleito prefeito de Belo Horizonte com 670.574 votos, 53,73%, no 2º turno das eleições de 2024. Bruno Engler (PL) obteve 577.537 votos (46,27%).
Apesar do fracasso dos principais candidatos que Nikolas apoiou nas capitais, o partido de direita, PL, expandiu suas bases nestas eleições municipais. O número de prefeituras conquistadas pela sigla subiu de 349 para 517, representando um aumento de 48,1% em relação às eleições municipais de 2020.
Embora Bruno Engler tenha sido derrotado, houve ampliação de prefeituras sob comando do PL em Minas Gerais, que cresceu de 41 para 53, em comparação com o desempenho de candidatos eleitos pelo partido em 2020.
Com isso, ao agrupar os partidos de direita e centro-direita, soma-se 768 municípios que comandarão as prefeituras no próximo ano, quase 90% das cidades mineiras, que são, no total, 853.
Esse cenário faz parte da estratégia política da extrema direita de tentar expandir suas bases e eleger o maior número possível de prefeitos. Quem disse isso foi o deputado federal pelo PL, Gustavo Gayer, em publicação no próprio perfil das redes sociais. Ele, que é cotado para disputar o Governo de Goiás em 2026, afirma que a extrema direita “errou no passado” ao “não se preocupar” com a formação de uma base ampla de prefeitos e vereadores.
“Serão esses prefeitos que vão usar toda a máquina e estrutura em 2026 para eleger senadores”, disse. Ele também comenta que a estratégia de “aumentar os prefeitos de direita” pelo Brasil requer uma escolha “muito bem selecionada” dos nomes com alinhamento “em pautas específicas” para o fortalecimento da campanha de 2026. No panorama cearense, o partido liberal não elegeu nenhum candidato a prefeito no Ceará.
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