Marçal e Boulos se consolidam entre candidatos com maior rejeição em SP
07:43 | Set. 27, 2024
A pouco mais de uma semana da votação em primeiro turno, pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 26, pelo Datafolha sobre as intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo reforçou o cenário em que Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL) se destacam pelos índices elevados de rejeição entre os principais candidatos na disputa.
Segundo o levantamento, o quadro de três postulantes nas primeiras posições continua: o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem 27% das intenções de voto, Boulos aparece com 25% e Marçal com 21%.
Como tudo indica que a eleição em São Paulo será decidida em um segundo turno, os índices de rejeição ganham ainda mais importância porque indicam um potencial "teto" dos concorrentes - que pode limitar o crescimento deles numa nova etapa de votação.
No Datafolha, o candidato do PRTB continua sendo o mais rejeitado da disputa. Marçal aparece com 48% dos entrevistados afirmando que "não votariam de jeito nenhum" nele no primeiro turno, ante os 47% da semana passada. Desde o início de agosto, , quando marcava 30% de rejeição, Marçal cresceu 18 pontos no índice.
Na época, Boulos era o mais rejeitado entre os postulantes, com 35%; o candidato do PSOL tem agora 38%. Em seguida aos dois aparecem José Luiz Datena (PSDB), com 36%; Nunes, com 21%, e Tabata Amaral (PSD), com 16%.
Quando testados cenários de um eventual segundo turno, Nunes venceria os dois principais rivais. Contra Boulos, o atual prefeito seria reeleito por 52% ante 36% do deputado federal. Contra Marçal, a vitória do prefeito seria de 57% ante 26% do influenciador.
A pesquisa do Datafolha foi realizada após um novo episódio de agressão física durante a campanha em São Paulo, quando um assessor de Marçal deu um soco no rosto do marqueteiro de Nunes nos bastidores do debate do Podcast Flow, na noite de segunda-feira.
O influenciador tem adotado uma narrativa agressiva e de fortes ataques aos adversários. O aumento de sua rejeição já era esperado pelos estrategistas das campanhas. No caso de Boulos, apesar de adotar um discurso bem mais ameno, sua candidatura não tem conseguido evitar a alta taxa de rejeição.
Na pesquisa Quaest divulgada na última terça-feira, tanto Marçal quanto o candidato do PSOL viram seus índices de rejeição crescerem. Em comparação com o levantamento anterior, divulgado no dia 18 deste mês, o influenciador passou de 46% para 50% dos entrevistados dizendo que não votariam nele, enquanto Boulos foi de 45% para os atuais também 50%. No entanto, nesse levantamento, o nome de maior rejeição é o do apresentador Datena, com 68%
Nunes oscilou dois pontos para cima, passando de 37% para 39% de rejeição, seguido da deputada federal Tabata Amaral, com 36% de rejeição - que oscilou um ponto para baixo em uma semana.
Efeito Haddad
Numa disputa apertada com Marçal e com o prefeito por um lugar no segundo turno, aliados da esquerda já temem ver a repetição do quadro enfrentado pelo hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na disputa pelo governo de São Paulo em 2022. Também com alta rejeição, ele apresentou um discurso suave na campanha, todavia não conseguiu reverter a resistência a seu nome e acabou derrotado no segundo turno por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O Estado e a capital paulista têm perfis diferentes. Candidatos de esquerda não conseguiram chegar ao governo, entretanto venceram na Prefeitura por três vezes, com Luiza Erundina, Marta Suplicy e o próprio Haddad. Mas Boulos pode chegar ao segundo turno vivendo o mesmo dilema enfrentado pelo agora ministro há dois anos. O candidato petista teve pouco poder de reação após o governador Rodrigo Garcia - que concorreu à reeleição, porém não chegou ao segundo turno - apoiou Tarcísio na etapa final de votação. A campanha de Nunes conta com a migração dos eleitores de Marçal para o seu lado, numa frente para barrar Boulos. Isso se inverteria apenas se Marçal tirasse Nunes do segundo turno.
A preocupação entre aliados de Boulos é que a atual rejeição se transforme em algo intransponível. Para evitar a situação, eles têm defendido que o deputado adote um tom ainda mais crítico contra Nunes - para aumentar a rejeição do adversário.
O Datafolha ouviu 1.610 eleitores entre os dias 24 e 26. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiabilidade, de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-06090/2024. A da Quaest foi registrada com o código SP-06330/2024. (COLABOROU GABRIEL DE SOUSA)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.