Silvio Almeida se pronuncia após exoneração: "Pedi para que Lula me demitisse"

Ex-ministro afirmou que incentivará a realização de "criteriosas investigações". Almeida ainda ressaltou que é "o maior interessado em provar a inocência"

23:31 | Set. 06, 2024

Por: Taynara Lima
Ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida (foto: AURÉLIO ALVES)

O ex-ministro Silvio Almeida se pronunciou após ter sido demitido do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) na noite dessa sexta-feira, 6. A exoneração de Almeida do cargo ocorreu após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que abordou as recentes acusações de assédio sexual contra o ex-ministro.

Em publicação nas redes sociais, Silvio Almeida afirmou que, durante a conversa com o presidente, pediu para que ele o demitisse “a fim de conceder liberdade e isenção às apurações” e considerou que "será uma oportunidade para provar a inocência”. O ex-ministro também destacou que incentivará “realização de criteriosas investigações”.

“Em conversa com o presidente Lula, pedi para que ele me demitisse a fim de conceder liberdade e isenção às apurações, que deverão ser realizadas com o rigor necessário e que possam respaldar e acolher toda e qualquer vítima de violência [...] Sou o maior interessado em provar a minha inocência. Que os fatos sejam postos para que eu possa me defender dentro do processo legal”, escreveu.

Uma possível saída de Almeida do cargo já teria sido antecipada pelo presidente Lula na manhã de sexta antes da reunião com o ex-ministro. Em entrevista à rádio Difusora Goiânia, o petista afirmou que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”.

Segundo apuração da jornalista Natuza Nery, da GloboNews, Silvio Almeida teria, durante a reunião com Lula, se recusado a pedir demissão e dito: “Se quiser que eu saia, me demita. Eu não pedirei demissão”.

A colunista também afirmou que o encontro durou 30 minutos e que o presidente ainda teria criticado o fato de Silvio ter utilizado a estrutura do ministério para se defender das acusações. 

Na última quinta-feira, 5, as denúncias contra Almeida foram confirmadas pela Me Too Brasil. Em nota, a organização afirmou que as mulheres “foram atendidas por meio dos canais de atendimento e receberam acolhimento psicológico e jurídico”.

De acordo com o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco seria uma das possíveis vítimas. A afirmação não foi confirmada pela Me Too Brasil, que preservou o nome das denunciantes.

Após as acusações, Anielle Franco se pronunciou nesta sexta. Em nota, a ministra não confirmou que teria sido uma das vítimas do ex-ministro, mas ressaltou que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”. 

Após demissão de Silvio Almeida, Lula nomeou a ministra Esther Dweck para o cargo de forma interina. Dweck, que já é titular do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, assumirá o comando do MDHC temporariamente até a indicação de um novo titular.