Anielle se pronuncia após ser apontada como vítima de assédio de Silvio Almeida: "Sigo firme"

Ela fez um pedido para que "espaço e direito à privacidade" sejam respeitados e criticou pressão para que vítimas falem sobre o caso

20:53 | Set. 06, 2024

Por: Júlia Duarte
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou pela primeira vez após ser divulgado denúncias contra Silvio Almeida de assédio sexual. Ela seria uma das vítimas (foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pronunciou-se publicamente pela primeira fez após ser tornar público as acusações de assédio sexual contra Silvio Almeida, demitido nesta sexta-feira, 6, de titular do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Conforme informação do Metrópoles, Anielle teria sido vítima do agora ex-ministro.

Em nota, ela não confirma diretamente a alegação de que foi alvo das ações de Silvio, mas ressalta que "tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência". 

Ela fez um pedido para que o "espaço e direito à privacidade" sejam respeitados. Apesar disso, ela apontou que irá contibuir com as apurações, "sempre que acionada".

"Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de ministra de Estado da Igualdade Racial. Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual. Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas", iniciou sua declaração.

A ministra afirmou que "não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência". Ela cita como "ação contundente" a postura de Lula, que realizou reuniões e decidiu por demitir Silvio nesta sexta, um dia após a organização Me Too confirmar denúncias de mulheres que alegam terem sido vítimas de Silvio.

"Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi", apontou a ministra.

"Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas", finalizou.

Entenda por que Silvio Almeida foi demitido

O agora ex-ministro foi acusado de assédio sexual por diversas mulheres, nessa quinta-feira, 5, após nota da organização Me Too Brasil. Em resposta, Almeida declarou repudiar “com absoluta veemência” as acusações.

A entidade, informando ter o consentimento das vítimas, confirmou as acusações e disse que as mulheres "foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico".

O caso foi revelado inicialmente pelo colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, que apontou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, como uma das possíveis vítimas. A afirmação de que a ministra seria uma denunciantes, não foi validada pela Me Too Brasil, que preservou o nome das mulheres.

Em nota à imprensa, Silvio Almeida afirmou que é “muito triste viver tudo isso, dói na alma”. “Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam”, completa.

Confira nota completa da ministra

Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de Ministra de Estado da Igualdade Racial.

Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.

Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas.

Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.

Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência.

Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada.

Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo.

Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas.

Anielle Franco

Ministra da Igualdade Racial