"Bíblia nas Escolas": direita desconfia, base aguarda e esquerda critica ideia abraçada por Elmano

Projeto defendido pelo governador Elmano de Freitas (PT) gerou opiniões divergentes entre deputados tanto da base quanto da oposição

Enquanto a direita comemora e desconfia, nomes da base na Assembleia Legislativa pregam cautela e parte da esquerda critica proposta abraçada pelo governador Elmano de Freitas (PT) relativa à compra de bíblias para escolas públicas do Ceará. O petista falou recentemente sobre a expectativa para que a Alece aprove o projeto de indicação do deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos), chamado de "Bíblia nas Escolas". Em evento religioso, o chefe do Executivo disse que irá adquirir e disponibilizar o livro cristão sagrado nas instituições de ensino.

O projeto, porém, prevê que a temática faça parte da grade curricular, em que poderão ser abordados conteúdos da Bíblia com aulas, palestras e seminários, com a matrícula na disciplina sendo facultativa. A proposição encontra-se na Comissão de Trabalho e Serviço Pública sob a relatoria do líder do PT, De Assis Diniz, e tem dividido a opinião dos deputados.

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Líder do Governo elogia Elmano

Romeu Aldigueri, líder do governo Elmano na Alece, se mostrou favorável ao projeto "Bíblia nas Escolas", elogiando o governador e chamando-o de democrata. "Você disponibiliza (a Bíblia) para as escolas e para quem desejar ler. Sem imposição, mas sem deixar de dar a oportunidade", explicou ao O POVO.

O parlamentar destacou que a tese do Estado laico se manterá, pois a proposição não impõe o estudo e nem o direciona, mas disponibiliza para o conhecimento "para livre interpretação".

Líder do União Brasil acha "estranho" sinalização vinda do PT

O deputado estadual Sargento Reginauro, líder do União Brasil e oposição a Elmano, disse ser cristão e não ver problema no fato da Bíblia estar presente nas bibliotecas das escolas, mas apontou como "estranho" a iniciativa do governador por fatores de poder político.

"É no mínimo estranho que essa ideia parta de um governador do PT, partido que historicamente tem trabalhado para afastar qualquer orientação cristã, do debate político. Como venho dizendo já há algum tempo, o PT se descaracterizou completamente, atropelando até suas bandeiras, pura e simplesmente pela busca do poder, especialmente aqui no Ceará", declarou ao O POVO.

Roseno classifica como "decepcionante" e critica concessões à direita

Renato Roseno (Psol) declarou ser "decepcionante" a postura de Elmano. O deputado apontou ainda o projeto como inconstitucional, pois, na avaliação dele, o Estado promover uma única religião viola o princípio da laicidade. Ele também criticou a "sinalização populista à direita fundamentalista" por parte do governo petista. 

"Nada justifica tamanha violação à Constituição. Fazer tantas sinalizações populistas à direita fundamentalista vai acabar fortalecendo essa direita e o fundamentalismo religioso que tanto mal fazem à sociedade. Por fim, vai fazendo com que o governador se pareça cada vez mais com um político tradicional", disse ao O POVO.

"Não é sequer razoável em nome do já excessivo pragmatismo e das inúmeras concessões à direita que todo dia são feitas por esse governo. Eu voto contra. E tenho cada vez mais segurança do lugar em que eu estou", completou.

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Deputados do PL se mostram favoráveis

Carmelo Neto (PL) e Dra. Silvana (PL), deputados bolsonaristas na Alece, se posicionaram à favor do projeto "Bíblia nas Escolas", mesmo com Elmano, do PT, mostrando-se favorável à aprovação na Casa.

Carmelo foi relator na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da proposição e deu parecer favorável. Ele declarou esperar que todos os deputados votem da mesma maneira.

"Antes mesmo da declaração do governador em apoio ao projeto, o meu parecer na CCJ já tinha sido favorável, pela implementação da medida. Não é porque o projeto ganhou adesões que eu vou deixar de defendê-lo. Espero que seja aprovado por todos os deputados", afirmou ao O POVO.

Silvana, líder do PL, também se posicionou pela aprovação. Ela disse que a sociedade é de maioria cristã e "devemos respeitar também as maiorias". "Sigo acordando nosso povo que o evangelho seja nossa prioridade de vida com as famílias blindando nossos filhos de qualquer confusão que possa vir das escolas dominadas por ensinamentos que nos contrariam", disse ao O POVO.

Ela, porém, disse que foi advertida que a possível compra de bíblias para as escolas estaduais seja uma abertura para que a esquerda "venha inserir outras religiões, causando preocupação para o povo cristão".

Deputados ainda com posições indefinidas

A reportagem também ouviu outros deputados estaduais para saber de suas posições em relação ao projeto. Felipe Mota (União Brasil) disse que a temática deve ser opcional para cada aluno, mas destacou que a tese foi pouco discutida e é repentina. "Nós cristãos vamos querer , porém deveríamos respeitar a vontade das outras religiões", falou.

Larissa Gaspar (PT) afirmou entender que não é adequado propor o ensino de um livro sagrado de uma religião, no caso a cristã, em detrimento das demais. Porém, a deputada destacou que irá aguardar o debate da matéria no plenário da Alece para se posicionar. "Avalio que o estímulo à convivência com a doutrina de uma religião nas escolas públicas não é positivo para o respeito ao pluralismo religioso", disse.

O deputado estadual Lucinildo Frota (PDT) disse que irá avaliar o projeto e depois se posicionar. A reportagem também procurou De Assis Diniz (PT), relator do projeto na Comissão de Trabalho e Serviço Público. Quando houver retorno, o material será atualizado.

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