Morre Delfim Netto, ex-ministro do "milagre econômico", aos 96 anos em SP
Delfim Netto esteve à frente do Ministério da Fazenda, na Ditadura Militar brasileira, durante o dito "milagre econômico"O ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, Delfim Netto, morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, aos 96 anos.
O político faleceu em decorrência de complicações do quadro de saúde e estava internado desde 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na cidade de São Paulo.
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Segundo familiares, não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos parentes. Delfim deixa uma filha e um neto.
Nascido em 1928, Delfim Netto esteve à frente do Ministério da Fazenda, durante a Ditadura Militar brasileira. Presidiu a pasta entre 1967 e 1974, durante os governos de Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici.
Foram os anos mais violentos do Regime, com perseguições e torturas. No âmbito da economia, no entanto, ganhava as manchetes da época o dito “milagre econômico”, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 85% e a renda per capita dos brasileiros, 62%.
Na redemocratização, o cenário econômico herdado do regime foi de alta inflação e endividamento externo.
Delfim seguiu no Governo Federal, atuando como embaixador do Brasil na França (1975-1978) e, no Governo de João Baptista Figueiredo, como ministro de Estado da Agricultura (1979) e ministro de Estado do Planejamento (1979-1985).
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De ministro da Ditadura a conselheiro de Lula
Delfim Netto começou a carreira cursando Economia, na Universidade de São Paulo (USP). Na academia, começou a lecionar em 1952 e até os últimos meses de vida, seguiu publicando artigos em jornais como Valor Econômico e Folha de S.Paulo.
Entrou na política como secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, em 1966. No ano seguinte, ingressou no Governo Federal, onde ficou até 1985. Ao mesmo tempo, seguiu lecionando como professor Catedrático de Análise Macroeconômica na USP (1983).
Após o regime militar, Delfim se elegeu deputado federal e participou da Assembleia Constituinte, que definiu os termos da Constituição Federal de 1988. Ficou no Legislativo Federal até 2003, em sucessivas reeleições.
Era forte crítico às medidas econômicas dos governos de José Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Artigos publicados pelo ex-deputado nos anos 1990 ainda criticam o Plano Real, ao qual mudou de ideia e passou a apoiar anos depois, apesar de seguir opositor a FHC.
Nos anos 2000, apoiou Lula e ganhou assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo Federal. Após, apoiou a eleição de Dilma Rousseff, apesar de criticar aspectos econômicos do Governo dela.
Delfim criticou a operação Lava Jato, mas se aproximou do Governo Michel Temer, colaborando na elaboração do programa “Uma Ponte para o Futuro”.
No Governo Bolsonaro, chegou a elogiar as políticas econômicas de Paulo Guedes e a implantação do Auxílio Brasil, durante a pandemia de Covid-19. No entanto, o tom geral era de críticas. Quando o governo completou mil dias, o ex-ministro chegou a chamar a gestão de “confusão e noite de Sherazade."
Nas últimas eleições declarou apoio a Lula e criticou Bolsonaro. “Deixemos o Lula ser candidato. Se for a vontade do povo, e com o meu voto, ele voltará à Presidência”, disse em entrevista à Radio Bandeirantes, se referindo ao pleito de 2022.
Atualizada às 8h20min
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