Lula conta que precisou chamar Lúcio Alcântara para assinar acordo de siderúrgica: "Estava descansando"

Segundo o presidente, a vinda da siderúrgica foi "quase um pagamento dos parlamentares do Ceará", que teriam feito "uma briga enorme com a Petrobras"

15:39 | Ago. 02, 2024

Por: Ludmyla Barros
Lula (PT) conta causo sobre acordo com Lúcio Alcântara (União Brasil) (foto: FÁBIO LIMA/O POVO/ AURÉLIO ALVES/O POVO)

Em passagem pelo Ceará, o presidente Lula (PT) contou, nesta sexta-feira, 2, sobre a assinatura da vinda da Companhia Siderúrgica para o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante.

Segundo o presidente, o então governador do Ceará, Lúcio Alcântara (União Brasil), estava “descansando no quarto” dele e precisou ser “chamado” para que se dirigisse à Coreia do Sul, onde ocorreu o acordo.

Declarações ocorreram no próprio Porto do Pecém, onde foi sancionado o Marco Legal do Hidrogênio Verde (H2V) e o financiamento de R$ 3,6 bilhões para a conclusão da Transnordestina, que deve chegar ao Porto.

Lula usou o gancho do local para comentar sobre as negociações para a vinda da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) com uma “empresa sul-coreana”, no caso, a Dongkuk Steel, uma das sócias do projeto.

Segundo o presidente, a vinda da Siderúrgica veio como “quase um pagamento dos parlamentares do Ceará”, que teriam feito “uma briga enorme com a Petrobras, porque queriam que a estatal “fizesse uma refinaria”. “Eu tentei fazer, mas pararam quando eu deixei a Presidência”, justificou Lula.

No entanto, as negociações sobre a siderúrgica avançaram, com um acordo inicial com a Dongkuk Steel, assinado por Lula e pelo então governador Lúcio Alcântara (hoje filiado ao União Brasil).

Lula alfinetou Alcântara, dizendo que, no momento de firmar a negociação, o governador não estava na sala de reunião. “Nós estávamos sentados e cadê o governador? O governador não estava e o ‘cara da Coreia’ queria assinar”, começou.

O presidente completou, citando que o mandatário estava “descansando”: “Falei gente, pelo amor de Deus, alguém dá um pulo no quarto do governador pra ver se ele está lá. E ele estava dando uma descansadinha que todo mundo merece, e veio correndo para gente assinar.”

Siderúrgica mudou a balança comercial cearense

A operação da Companhia Siderúrgica do Pecém, a CSP, começou apenas em 2016, e proporcionou uma elevação na exportação do Estado do Ceará. As primeiras movimentações, na verdade, datam do segundo Governo Virgílio Távora (1979-1982), mas o projeto não foi adiante.

A participação da sul-coreana Dongkuk Steel entrou, em 2001, na negociação, e a expectativa pela siderúrgica renasceu. O início da construção da CSP ocorreu apenas em 2012, na segunda gestão de Cid Gomes.