Presidente nacional do PSDB critica nota do PT pró-Maduro: "Patética"
A nota do PT reconheceu a reeleição de Maduro e criticou as sanções ao País
14:27 | Jul. 30, 2024
A nota do PT Nacional que saudou a eleição “pacífica, democrática e soberana” da Venezuela foi criticada, nesta terça-feira, 30, pelo presidente do PSDB Nacional, Marconi Perillo.
O ex-governador de Goiás chamou a nota de “patética”, elencou a política internacional de Lula (PT) como “desastrosa” e cobrou um pronunciamento oficial do Governo, em reprovação ao pleito no país vizinho.
“O que houve nesta eleição na Venezuela, além de uma grande fraude, foi um roubo à luz do dia. Isso é uma vergonha internacional. E essa nota que o PT divulga é patética. É desrespeitosa à inteligência do povo brasileiro, o que acaba comprometendo o governo e o povo. O governo não se manifestou ainda, aliás, já devia tê-lo feito”, disse Perillo, em entrevista ao programa O POVO News 1ª Edição.
Marconi citou a nota do próprio PSDB, na qual cobra que o governo brasileiro tomasse medidas em relação à “fraude que houve na Venezuela e se manifestasse de forma altiva.”
Segundo o presidente da sigla socialdemocrata, o Governo Lula age com “dois pesos e duas medidas”, comparando o caso de uma anti-democracia na Venezuela com os atos anti-democráticos do 8 de janeiro.
“O governo que cobrou democracia no 8 de janeiro do ano passado, é o mesmo que apoia, mesmo que silenciosamente, esta vergonha na Venezuela”, disse.
O PSDB faz oposição ao PT e ao Governo Lula, mesmo após grandes nomes da sigla como o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) dissidirem e ingressarem no governo.
A nota do PT reconheceu a reeleição de Maduro e criticou as sanções ao País. “Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais", diz nota.
Oficialmente, o Brasil saudou os resultados do pleito, mas informou esperar a publicação dos dados por mesa de votação. "Passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”, diz comunicado do Itamary.
Confira a participação de Marconi Perillo no O POVO News
Eleições foram permeadas por acusações de interferência e fraude
A Venezuela realizou eleições presidenciais no último domingo, 28 de julho. Foi a primeira vez que partidos opositores participaram das eleições desde 2015 e, desde o princípio, o processo foi permeado de acusações, vindas da própria oposição e de mecanismos internacionais, sobre uma suposta intervenção por parte do Governo de Maduro.
Primeiro, a candidata inicial da oposição, Maria Corina Machado, foi considerada inelegível por 15 anos, sendo impedida de participar das eleições deste. A candidata a substituí-la, Corina Yoris, também teve a candidatura indeferida. O representante acabou sendo Edmundo González Urrutia.
As substituições provocaram acusações de interferência do governo de Maduro no processo de escolha. A situação afetaria o acordo de Barbados, assinado em 2023, no qual a Venezuela se comprometeu com eleições transparentes.
Além disso, na reta final, os ânimos escalonaram. Maduro chegou a dizer que pode haver "banho de sangue" e "guerra civil" caso ele não vença. No fim, em um discurso mais “ameno” disse que iria reconhecer os resultados das eleições.
Após o fechamento das urnas, houve um ataque hacker ao sistema de transmissão de dados do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), o que gerou mais questionamentos à legitimidade dos resultados.
Maduro obteve mais de 5,15 milhões de votos (51,20%), segundo o CNE, controlado pelo chavismo. O candidato opositor, Edmundo González Urrutia, teve 4,4 milhões de votos (44,2%). A diferença seria de 704 mil votos.
O presidente governa desde 2013, em um cenário de instabilidade social, política e econômica. O País ainda passa por uma crise migratória, com mais de 7 milhões de refugiados, fugidos do regime.
Leia a nota do PT na íntegra
“O PT saúda o povo venezuelano pelo processo eleitoral ocorrido no domingo, dia 28 de julho de 2024, em uma jornada pacífica, democrática e soberana. Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolas Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela. Importante que o presidente Nicolas Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais. O PT seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa”.