PF vê elo entre presos por 'Abin paralela' e tentativa golpe: 'Imbrochável assinou o decreto?'

Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, em operação que mirou auxiliares diretos do ex-chefe do órgão, Alexandre Ramagem

Presos na Polícia Federal na 4ª fase da Operação Última Milha, que teve o objetivo de desarticular o esquema de espionagem ilegal da chamada “Abin Paralela”, também teria relação com a tentativa golpista que recai sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a PF tem apontado em outra investigação. "O Nosso PR imbrochável já assinou a porr* do decreto", é um dos trechos encontrados em diálogos entre duas peças "centrais" nas ações da "Abin Paralela".

Os agentes da PF identificaram troca de mensagens entre o policial federal Marcelo de Araújo Bormevet e seu subordinado Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército Brasileiro. Bormevet questiona se Bolsonaro teria assinado a “porr*do decreto” de intervenção. Ele era secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e trabalhava com credenciamento de segurança. 

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Confira o diálogo

BORMEVET: "O Nosso PR (presidente da República) imbrochável já assinou a porr* do decreto?"

GIANCARLO: "Assinou nada. Tá foda essa espera, se é que vai ter alguma coisa."

BORMEVET: "Tem dia que eu acredito que terá, tem dia que não"

O trecho foi retirado do processo que investiga a atuação ilegal da “Abin Paralela”. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrou o sigilo dos autos nesta quinta-feira, 11. Para a PF, Bormevet e outros agentes tinham "relações diretas" com os canais de inteligência pelo exercício funcional na ABIN e que "as referências relacionadas ao rompimento democrático declaradas pelos policiais é circunstância relevante que indica no mínimo potencial conhecimento do planejamento das ações que culminaram na construção da minuta do decreto de intervenção".

O diálogo entre Bormevet e seu subordinado aconteceu em 21 de dezembro de 2022, meses após a eleição presidencial que culminou na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apoiadores de Bolsonaro promoviam acampamentos golpistas e, conforme a PF, aliados de Bolsonaro, com o conhecimento dele, articulavam a possibilidade da assinatura de uma minuta golísta que manteria o então presidente no cargo.

"As ações clandestinas, portanto, realizadas pela estrutura paralela de contrainteligência de Estado valendo-se dos recursos da ABIN e de outras instituições direcionadas para atacar instituições, opositores e descreditar o sistema eleitoral essencialmente por desinformação, além de apresentarem
conexão com os demais apuratórios do potencialmente se situam no nexo causal dos delitos que culminaram na tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito", ressalta trecho da decisão de Moraes, que cita investigações da PF. 

Bormevet foi segurança de Bolsonaro na campanha de 2018 e nomeado por Alexandre Ramagem, hoje deputado e pré-candidato pelo PL no Rio de Janeiro, comandar o Centro de Inteligência Nacional (CNI), estrutura da Abin.

Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, em operação que mirou auxiliares diretos do ex-chefe do órgão, Alexandre Ramagem, além de influenciadores do "gabinete do ódio". De acordo com investigadores da Polícia Federal, no governo passado, foi instalada uma "Abin paralela" para monitorar pessoas consideradas adversárias de Bolsonaro e atuar por interesses políticos e pessoais do ex-presidente e de seus filhos.

O grupo instalado na Abin teria usado um "software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira" para rastrear celulares "reiteradas vezes".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

jair bolsonaro pl

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar