PF prende quatro aliados de Bolsonaro por espionagem ilegal e fake news na Abin

Quatro prisões já foram efetuadas. Dentre os alvos, estavam integrantes do chamado "gabinete do ódio" do ex-presidente Jair Bolsonaro

A Polícia Federal prendeu quatro pessoas, na manhã desta quinta-feira, 11, no operação Última Milha, que investiga um suposto uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e produzir notícias falsas. 

Dentre os alvos, estão integrantes do chamado “gabinete do ódio” do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de ex-servidores cedidos para Abin. Os quatro presos são um ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, um militar do Exército, um agente da PF e um empresário.

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Segundo o jornal O Globo, os investigados se tratam de, respectivamente, de Mateus Sposito, Giancarlo Gomes Rodrigues, Marcelo de Araújo Bormevet e Richards Dyer Pozzer.

Confira as quatro prisões efetuadas:

  • Mateus Sposito, que foi assessor no Ministério das Comunicações no governo Bolsonaro
  • Giancarlo Gomes Rodrigues; militar do Exército alvo da PF suspeito de monitorar advogado Roberto Bertholdo, próximo dos ex-deputados federais Rodrigo Maia e Joice Hasselmann
  • Marcelo de Araújo Bormevet; chefe da Coordenação-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa da Abin. Trabalhava com credenciamento de segurança e pesquisa para nomeações. Está suspenso da Polícia Federal por ordem do ministro Alexandre de Moraes na Operação Vigilância Aproximada
  • Richards Dyer Pozzer: supostamente divulgava notícias falsas nas redes sociais e ataques contra senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19.

Um quinto alvo de mandado de prisão preventiva está em aberto. Além dos cinco, a PF cumpre sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ações ocorrem nas cidades de Brasília-DF, Curitiba-PR, Juiz de Fora-MG, Salvador-BA e São Paulo-SP.

Segundo a PF, membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos do grupo, que chegaram a criar perfis falsos e a divulgar informações “sabidamente falsas”.

“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, informou a Polícia, em nota.

Investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Suspeitas de espionagem da Abin chegaram até Alexandre Ramagem, pré-candidato de Bolsonaro no Rio

A primeira fase da Operação Última Milha foi deflagrada pela PF em outubro do ano passado. À época, a corporação informou que investigava o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da própria Abin.

“De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos”, destacou a PF à época.

No início deste ano, foi deflagrada a operação "Vigilância Aproximada", um desdobramento da “Última Milha”. As investigações apontam para o uso do sistema FirstMile para espionagem.

A PF apurou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria sido "instrumentalizada" durante o governo do ex-presidente Bolsonaro. Investigações se referem ao período em que a Agência era comandada por Alexandre Ramagem, hoje pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, apoiado por Bolsonaro.

Autoridades, pessoas envolvidas em investigações e desafetos do então chefe do Executivo brasileiro estariam sendo espionados ilegalmente durante a chefia de Ramagem, que teria autorizado os monitoramentos sem lastro técnico que os justificassem.

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