Além de Raí e Mbappé, conheça outros atletas com militância política em defesa de minorias

Personalidades esportivas defendem pautas como antirracismo, igualdade de gênero e defesa ambiental

08:00 | Jul. 10, 2024

Por: Thays Maria Salles
Sócrates, Serena Williams e Lewis Hamilton (foto: FRANCK FIFE/AFP, Vaughn Ridley/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP e Lars BARON/POOL/AFP)

Diante do avanço da extrema direita no primeiro turno das eleições legislativas na França, personalidades do mundo dos esportes se manifestaram pedindo para que a população reagisse à possível vitória. No último domingo, 7, no entanto, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e a aliança de centro-direita Juntos conseguiram frear a formação de maioria pelo Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita.

Capitão da seleção francesa de futebol, o jogador Kylian Mbappé fez um apelo para que os eleitores votassem após a liderança do RN no 1º turno. Na ocasião, ele afirmou que a situação era "realmente urgente". "Não podemos deixar o país nas mãos destas pessoas. Vimos os resultados. É catastrófico", disse o atacante.

Quem seguiu a mesma linha foi o ex-jogador Raí, que participou de uma manifestação contra a extrema direita na cidade de Paris, capital da França. Na oportunidade, ele subiu ao palco e deixou clara a sua posição política. Além disso, rechaçou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Conheço bem a extrema direita. O que eles fazem de melhor é mentir. Eu os conhecia no poder. A extrema direita é o fim do mundo, é o fim dos direitos humanos, da humanidade”, afirmou o ex-jogador brasileiro que jogou quatro temporadas pelo Paris Saint-Germain e é um ídolo do clube francês.

Em meio a essas manifestações, outros atletas construíram trajetórias na defesa de pautas sociais e políticas ao redor do mundo, tais como os jogadores de futebol Sócrates e Megan Rapinoe; os automobilistas Lewis Hamilton e Sebastian Vettel; o jogador de basquete Lebron James; além da tenista Serena Williams e da ginasta Simone Biles.

Sócrates

O jogador brasileiro Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, irmão mais velho de Raí, foi um dos mais politizados do País. Em meio a ditatura militar, ele foi um dos líderes da "Democracia Corintiana", movimento que dava maior voz aos jogadores e outros funcionários do Corinthians dentro do clube. Nela, desde roupeiros a dirigentes tomavam, juntos, as decisões do clube. 

Além disso, o esportista também participou de forma ativa das "Diretas Já", que pedia a volta das eleições diretas no Brasil. Uma marca de Sócrates foi vestir uniformes com frases políticas, defendendo pautas sociais e políticas.

Megan Rapinoe

Bicampeã do mundo e campeã olímpica pela seleção de futebol dos Estados Unidos, a jogadora Megan Rapinoe é um dos nomes do esporte mundial que se posiciona sem medo. Ela é defensora dos direitos humanos, principalmente da comunidade LGBTQIA+, e luta contra racismo e sexismo no futebol.

Rapinoe também é uma das líderes do movimento pela igualdade salarial para equipes femininas e masculinas nos EUA. Um dos episódios que marcam atos políticos de sua carreira foi quando a atacante se recusou a visitar a Casa Branca e encontrar Donald Trump caso ganhasse a Copa do Mundo de 2019, negando, ainda, cantar o hino do país antes de uma das partidas.

Lewis Hamilton

Heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton é um automobilista que se coloca ativamente contra o racismo, a desigualdade social e a violência policial. Além disso, ele já protestou em defesa dos animais e do meio-ambiente.

Em 2023, o piloto se opôs a determinação da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) que pretendia coibir manifestações pessoais na categoria e estampou no capacete mensagens de apoio à comunidade LGBTQIA+.

Entre outras iniciativas, Hamilton já produziu estudo para compreender ausência de pessoas racializadas em áreas técnicas no esporte a motor e investiu dinheiro na capacitação de pessoas negras e racializadas em cargos científicos e tecnológicos na área.

Sebastian Vettel

Companheiro de Hamilton em protestos na Fórmula 1, o piloto Sebastian Vettel é um dos ativistas no meio. O ex-piloto também luta pela causa ambiental, antirracista e a favor da comunidade LGBTQIA+. Vettel, em sua última temporada na categoria, protestou a favor da Ucrânia em meio à guerra com a Rússia.

Em 2021, ele foi visto retirando o lixo das arquibancadas de Silverstone depois do GP da Inglaterra e, em seguida, participou, ao lado de crianças, de um projeto de construção de um hotel para abelhas e insetos, nas proximidades do Red Bull Ring, na Áustria.

Serena Williams

Maior vencedora de Slams na era aberta do tênis com 23 títulos de majors, Serena Williams é referência na luta pela igualdade de gênero e pela justiça social. Mulher negra, ela ganhou destaque em um esporte majoritariamente praticado por pessoas brancas. 

Hoje, a tenista lidera empresa de investimentos onde encoraja a representatividade negra e feminina em lugares de protagonismo no mercado de trabalho. 

Lebron James

O jogador de basquete Lebron James é ativista na luta contra o racismo. Ele apoiou o movimento "Black Lives Matter" após o assassinato de George Floyd em 2020, mas, antes disso, em 2012, protestou com colegas do Miami Heat contra a morte a tiros de um adolescente negro desarmado, Trayvon Martin.

Na corrida presidencial estaduniense, apoiou a campanha do democrata Barack Obama em 2008. Dez anos mais tarde, afirmou que Donald Trump havia encorajado racistas nos EUA.

Simone Biles

Dona de 23 ouros em mundiais e quatro olímpicos na ginástica artísitica, Simone Biles é referência no combate ao racismo e no empoderamento feminino. Ela e outras ginastas norte-americanas foram física e sexualmente abusadas por Larry Nassar, então médico do time em que competiam, e prestaram depoimento junto ao Senado dos EUA. Situação comoveu debates sobre violência sofrida por mulheres no esporte. Nassar foi condenado em vários julgamentos a penas que somam 360 anos de prisão por abuso sexual.

Em 2021, outra a pauta ganhou mais notoriedade ao redor do globo após Biles desistir de disputar a final solo nas Olimpíadas de Tóquio. Ela passou dois anos afastada das competições. Episódio ressaltou cuidado com saúde mental de atletas. De volta às competições, ela é considerada uma das principais estrelas a competir nos Jogos de Paris, no fim deste mês.

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