Caso das joias: filhos de Bolsonaro criticam quebra de sigilo; oposição fala em prisão

Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro defenderam o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na rede social "X", após a retirada de sigilo do inquérito que investiga um susposto esquema de negociação ilegal de joias

Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defenderam o pai na rede social “X” (antigo Twitter) após a retirada de sigilo do inquérito que investiga um suposto esquema de negociação ilegal de joias dadas à Presidência da Republica por delegações estrangeiras, durante o mandato do ex-mandatário. Já políticos opositores comemoraram a decisão e falaram até em prisão de Bolsonaro. A quebra do sigilo foi feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, 7 de julho.

“O relatório da PF sobre os presentes recebidos por Bolsonaro diz muito sobre a atual PF de Lula do que sobre Bolsonaro. No governo passado, a imprensa já estaria levantando quem são os policiais que Bolsonaro estaria usando para perseguir adversários”, destacou o senador Flávio Bolsonaro (PL).

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O vereador Carlos Bolsonaro (PL) ironizou: “É cristalino que querem de forma desesperada e irregular igualar uma pessoa honesta a um dos maiores bandidos do mundo, alçado ao poder pelo sistema, para que fortaleçam ainda mais a democracia inabalável! Eu estou falando de um país no exterior e não do Brasil, tá!”. Nessa publicação, o segundo filho do ex-presidente, provavelmente faz referência ao pai, Jair Bolsonaro, na parte em que se refere a “uma pessoa honesta”, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no trecho “um dos maiores bandidos do mundo”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), terceiro filho de Jair Bolsonaro, expôs uma sequência de acontecimentos indicando que a retirada do sigilo do inquérito das joias seria, propositalmente, uma ofensiva da esquerda em resposta às ações da direita. Ele comenta no X: “28/JAN Jair Bolsonaro volta a fazer live, que estoura de audiência. 29/JAN PF faz busca na casa de JB em Angra (alvo era Carlos Bolsonaro. 7/JUL CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora) recebe J Milei e faz maior reunião de direita da história da América Latina. 8/JUL ele levanta sigilo das joias. Viva a democracia!”.

Políticos opositores de Bolsonaro também opinaram em seus perfis pessoais no “X” sobre o caso, a exemplo do senador Humberto Costa (PT), que comentou: “(Bolsonaro) desprezou a vida, levou o povo à fila do osso e ainda arrumou tempo para roubar joias e dilacerar o patrimônio público”.

“É pior do que parece: Os R$ 6,8 milhões em joias e presentes desviados pela quadrilha de Bolsonaro (associação criminosa, nas palavras da PF) foram transportados no avião presidencial para os EUA e mais: foram usados para bancar a estadia na Disney enquanto os bolsonaristas tentavam golpear o Estado brasileiro”, afirmou o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol).

Lindbergh Farias (PT), também deputado federal, publicou que “Bolsonaro não vai ter para onde correr”. Também deputado petista, Rogério Correia foi na mesma linha, chegando a defender a prisão do adversário: “Bolsonaro está cada vez mais enrascado. O ministro do STF Alexandre de Moraes quebrou sigilo do inquérito do Caso das Joias. PF diz que venda ilegal foi para o patrimônio do inelegível e custeou gastos nos Estados Unidos. Bolsonaro na cadeia”.

O caso das joias

O relatório produzido pela Polícia Federal foi tornado público nesta segunda, 8, e embasa o indiciamento de Jair Bolsonaro e outras 11 pessoas, acusadas de participar de um esquema de negociação para apropriação indevida de joias milionárias dadas por delegações estrangeiras à Presidência da República.

De acordo com a PF, entre os crimes investigados na operação estão lavagem de dinheiro e desvio de bem público (peculato) no valor de R$ 6,8 milhões. No entanto, o documento divulgado inicialmente trazia um erro, concluindo que o esquema teria movimentado R$ 25 milhões (US$ 4,6 milhões). Quantia que foi posteriormente corrigida pela PF. O erro é um dos pontos mais criticados pelo ex-presidente e aliados.

Bolsonaro, por exemplo, postou no X: “Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF (Caixa Econômica Federal), Acervo ou PF (Polícia Federal), inclusive as armas de fogo”.

Os itens eram um kit que incluia objetos da marca suíça Chopard (uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário islâmico, "masbaha", e um relógio). Além disso, um relógio da marca suíça Patek Philippe, um rolex, esculturas folheadas a ouro e outras joias teriam sido comercializadas de maneira ilegal.

A investigação envolve esses presentes de alto valor recebidos pelo governo Bolsonaro (2019-2022), quando ele ainda era presidente da República. Por lei, objetos de alto valor devem compor o acervo da Presidência da República e são considerados bens públicos e não bens pessoais. Há exceções como roupas, alimentos e perfumes.

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