"Não sei qual é o tipo da vegetação", diz vereador que propôs extinção de área ambiental no Cocó

Luciano Girão (PDT) declarou também que a vegetação do local "já foi há muito tempo" importante para evitar inundações

O vereador Luciano Girão (PDT), integrante da base do prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT), afirmou nesta terça-feira, 11, não saber qual é o tipo da vegetação de uma área de 11,4 hectares no Parque do Cocó, alvo de um projeto do parlamentar que prevê a mudança de classificação ambiental.

O POVO visitou o local na última semana e mostrou em imagens que cerca de metade do local possui vegetação. Luciano Girão disse que "é exagero", mas admitiu que existem pontos verdes, embora não soubesse dizer qual o tipo. A área fica no bairro Manuel Dias Branco, próximo a um lago.

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A princípio, o vereador argumentou que existia zona de proteção ambiental no local e já estava ocupada com casas e empresas. "Se tiver ali vegetação mesmo, que se destine a zona ambiental, eu revejo minha posição”, disse o vereador ao repórter Yuri Gomes da coluna Vertical do O POVO.

O projeto enviado por ele está tramitando na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) na Comissão Especial do Plano Diretor. O parlamentar propõe que os 11,4 hectares de Zona de Interesse Ambiental (ZIA) sejam convertidos em Zona de Ocupação Preferencial, o que facilitaria o licenciamento ambiental para construções na região.

"Metade (da área) não tem (vegetação). Metade é exagero. Tem o estacionamento da UniFanor, Viasul quarteirão todo ocupado para os carros dela. Tem um centro comercial. E aqui é a Jeep que já invadiu isso aqui", disse mostrando uma imagem.

Confira imagens do local:

No local onde o vereador reconheceu que há vegetação é "só areia" e espécie cercada por um muro. Ele afirmou que duas quadras já foram todas construídas, embora imagens mostrem que ainda tenham espaços verdes.

"Aonde tem alguma vegetação é aqui, isso aqui é só areia e tem um muro cercado que tem uma vegetação, que eu não sei qual é o tipo da vegetação, e essas duas quadras aqui já são todas construídas", declarou.

A área em questão, que compreende cerca de 10 quarteirões, era, originalmente, um ambiente dunar de vegetação psamofila, isto é, arenosa. A espécie do local é herbáceo-arbustiva que é capaz de gerir o processo de movimentação de dunas e amplificar a capacidade de retenção hídrica, evitando que ocorram inundações no local. 

Questionado então sobre a existência desse tipo de vegetação para impedir alagamentos na região, Luciano Girão disse que foi "há muito tempo". Ele também se pronunciou dizendo que havia construção no local antes do Plano Diretor.

O biólogo Thieres Pinto, consultor da Sertões Consultoria Ambiental e especialista em conservação de biodversidade, explicou ao O POVO o tipo de vegetação da área, ressaltando a importância da retenção hídrica, podendo causar prejuízos à região em caso de desmatamento.

"Zonas assim, quando modificadas e impermeabilizadas, poderão sofrer com inundações. Nesse sentido, é sim uma modificação relevante. As zonas de preservação não são pensadas apenas para proteger grandes florestas ou uma biodiversidade ameaçada, elas são pensadas também para proteger os processos ecológicos e ambientais dos ecossistemas urbanos", disse Thieres.

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