Ciro sobre Cid em 2022: 'Pedi para ele coordenar minha campanha, e ele disse que não'

Ex-governador disse que Camilo Santana é "monstro que ajudei a criar" e repetiu críticas à senadora em exercício Janaína Farias (PT)

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) repetiu ataques à senadora Janaína Farias (PT), mesmo com decisão judicial que o impede de empregar termos depreciativos já usados por ele para se referir à parlamentar.

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Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada ontem, Ciro foi questionado se não seria machismo se dirigir à petista como "assessora para assuntos de cama" e "cortesã". O pedetista respondeu: "Eu disse isso depois, porque é exatamente o que ela é".

Segundo ele, porém, seu alvo era outro: Camilo Santana, ex-governador e hoje ministro da Educação. "Falei do patrimonialismo do Camilo Santana. Por isso, veio a derivação para o sexismo. Então, a mulher entra na política e é imune? Ela é, hoje, uma cortesã portando um mandato de senadora. Ela está lá por um capricho do Camilo Santana ou porque ele está sendo chantageado. Não estou falando dela. Estou falando do Camilo", enfatizou.

Na mesma conversa, o ex-ministro classificou Camilo como "um monstro que ajudei a criar". Em seguida, declarou que o titular do MEC, eleito para o Senado em 2022, "nomeou a primeira suplente (Augusta Brito, hoje secretária do governo Elmano) para uma dessas secretarias para dar passagem à segunda suplente (Janaína)".

Ciro também voltou a acusar de traição o irmão e senador Cid Gomes, hoje no PSB. A uma pergunta sobre a razão para ter brigado com Cid, Ciro devolveu: "Fui eu? Então, foi. Lancei o Cid como candidato e me tornei inelegível no Ceará por força da lei, aos 50 anos. Eu era unanimidade no estado. De repente, comecei a ter aresta. Todas para defender o Cid".

Mais adiante, Ciro admitiu ter sido "abandonado por todo mundo e por ele também", mas negou ter se desentendido com o senador. "Fui eu quem briguei? Nunca briguei com ele. Nunca trocamos uma palavra áspera na vida", indicou.

"Simplesmente eu fui lá", continuou Ciro, "e pedi a ele: 'Não faça isso, você está me abandonando, e eu estou sozinho'. Pedi para ele coordenar minha campanha, e ele disse que não".

Interpelado pela reportagem se seria possível restabelecer as bases da sua relação com o irmão, assegurou: "Não. Não quero mais. Traição e ingratidão, sabe?". Logo depois, avaliou que não há debandada de membros do PDT para se filiarem ao PSB por causa de Cid no Ceará.

"Essa debandada não é para o Cid, que está hospedado no partido (PSB) que é presidido pelo pai do Camilo, que é do PT. O destino de todos os políticos é o ocaso. A diferença minha é que eu sei disso e estou pronto. Sabe por quê? Porque sou desapegado", refletiu.

Cid e Ciro romperam em 2022 em meio ao processo de escolha do candidato do PDT para a disputa pelo Governo do Estado. Cid queria a reeleição de Izolda Cela, à época no PDT e então governadora. Ciro pretendia emplacar o aliado Roberto Cláudio, que acabaria se tornando representante do partido na corrida.

Na campanha, Cid se manteve afastado, participando de poucas atividades eleitorais, uma das quais em Sobral. Lá, berço dos Ferreira Gomes, pediu votos para apenas dois candidatos: Camilo e o irmão, Ciro.

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