Em artigo, secretário diz que fala sobre homicídios foi inadequada: 'Não condiz com o que penso'
Samuel Elânio considerou "inadequada" a própria declaração sobre a taxa de homicídios. Ele havia antes afirmado que números de homicídios estão "razoáveis"
11:02 | Mai. 24, 2024
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Samuel Elânio, considerou “inadequada” declaração dada por ele anteriormente, de que a taxa de homicídios no estado estava em aumento, mas ainda se tratava de um número “razoável”. Em artigo publicado no O POVO nesta sexta-feira, 24, o titular ainda cita pré-candidatos como o “prefeito da capital”, José Sarto (PDT), que estariam utilizando o tema de forma eleitoreira.
“Durante um evento no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), manifestei essa preocupação a jornalistas e utilizei um termo que não condiz com o que penso e foi inadequado naquele momento. Sei que nossos indicadores são desafiadores”, afirmou Elânio.
Ele prossegue, citando uma irresponsabilidade do tema, nesta pré-campanha eleitoral de 2024. “Segurança é um assunto sério, que deve ser tratado com responsabilidade e não com politicagem com fins eleitoreiros, como muitos pré-candidatos têm feito, entre eles o prefeito da capital”, escreveu. Leia o artigo na íntegra no O POVO+.
A fala de Elânio ocorreu na última quarta-feira, 22. Na ocasião, ele afirmou: “Estamos falando de um aumento considerando reduções em cima de reduções. Obviamente, se tivermos um homicídio hoje e amanhã tivermos dois, aumentamos 100%. Mas comparado com todo o período, um período bem maior do que esse, nós ainda estamos com um número razoável. Mas sabemos que devemos melhorar e vamos melhorar.”.
Sarto e Wagner criticaram declaração de Elânio
Declaração gerou reações duras de pré-candidatos à Prefeitura, opositores ao Governo Estadual, dentre eles o próprio Sarto. Nas redes sociais, o prefeito considerou o posicionamento "absurdo e inacreditável”, chegando a afirmar diretamente que “esse governo PT [de Elmano]”, “deixou as facções criminosas tomarem conta de Fortaleza e do Ceará.”
Além do pedetista, o pré-candidato Capitão Wagner (União Brasil) se posicionou, citando casos recentes de tragédias na Segurança Pública, como o assassinato no Instituto José Frota (IJF).
"O secretário acha razoável pessoas arrancando a cabeça, extraindo o coração das vítimas, policiais sendo caçados e mortos. Definitivamente ninguém na cúpula do Governo se coloca na pele das famílias que perderam seus entes queridos. O governo perdeu a capacidade de se indignar...", disse também em seu perfil nas redes sociais.
A segurança pública é um dos temas mais recorrentes nos debates e pronunciamentos de opositores ao Governo, intensificados neste período pré-eleitoral. A tragédia do IJF, por exemplo, gerou embates e críticas, além de trocas de acusações diretas entre as gestões municipal e estadual, sobre as responsabilidades no ocorrido.
Violência no Ceará está em alta
Dos últimos cinco anos, 2020 foi o mais violento no Ceará, com 4.039 homicídios. Houve redução de 18% no ano seguinte, que terminou com 3.299 mortes. A diminuição do número anual de homicídios também foi verificada de 2021 para 2022, com menos 9,9%. O total de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) de 2022 e 2023 foi o mesmo, 2.970.
Em 2024, os registros mensais demonstraram alta quando comparados aos dos anos anteriores. Fevereiro, março e abril superaram os meses correspondentes dos últimos três anos. Foram 257, 278 e 320 homicídios, respectivamente.No primeiro trimestre de 2024, houve 819 homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Foram 37,25 assassinatos por 100 mil habitantes — segunda maior taxa do País.