Eduardo Leite afirma que não se expressou bem sobre governo ter "outras agendas" fora a ambiental

Governador do Rio Grande do Sul reforçou, no entanto, o investimento às demais pautas e disse querer o ministro Paulo Pimenta como aliado

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) reconheceu, nesta segunda-feira, 21, que pode não ter “se expressado bem”, ao afirmar que o Estado gaúcho não investiu mais recursos na prevenção de desastres ambientais, porque havia “outras agendas”. Ele, no entanto, reforçou a existência de outras pautas, com as quais o governo "precisa lidar", reclamando mais uma vez da situação fiscal do estado.

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"Talvez há culpa de não ter me expressado bem. Mas que fique claro, nós temos uma série de pautas com as quais o governo tem que lidar. A do meio ambiente, sem dúvida nenhuma, uma importantíssima, sobre a qual o governo também atua", disse o governador, em participação no programa Roda Viva, da TV Cultura.

A declaração anterior de Leite se deu à Folha de São Paulo, no último domingo, 19. Na ocasião, questionado sobre estudos que apontavam a possibilidade de aumento nas chuvas no RS, o governador afirmou que as pesquisas “de alguma forma alertam”.

“Mas o governo também vive outras pautas e agendas. A gente entra aqui no governo e o estado estava sem conseguir pagar salário, sem conseguir pagar os hospitais, sem conseguir pagar os municípios”, disse.

Apesar de reconhecer um possível equívoco, Leite elencou a chamada como “parte da desinformação”, comentando de “manchetes e recortes para as redes, para conseguir cliques”, sem se referir diretamente à Folha.

Ele ainda reforçou os investimentos às demais pautas, alegando que o Rio Grande do Sul enfrenta contexto fiscal “complicado”. “O que se reclama de investimentos para a defesa, para reforçar a estrutura, lembrem todos que o Rio Grande do Sul era até 3 anos atrás, um estado que atrasou salários de servidores, inclusive dos heróis, bombeiros que hoje salvam vidas. O 13º era pago no ano seguinte”, disse.

O período citado, no entanto, inclui própria gestão de Leite (2019-atualmente), o que foi levantado pela jornalista Vera Magalhães. Em resposta, o governador afirmou que no início da gestão o Estado já contava com “dois anos de atraso”, o que teria levado outros dois anos para ser “posto em dia”.

Segundo Leite, “as agendas” citadas foram responsáveis para a contratação de um efetivo maior de “bombeiros, helicóptero, embarcações, jet skis”, que, por sua vez, teriam ajudado na assistência da tragédia que o estado gaúcho enfrenta.

Leite vê Pimenta como “representante gaúcho” no Governo Federal

Na entrevista, Eduardo Leite ainda comentou sobre a nomeação do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Comunicação Social para chefiar um ministério de auxílio à tragédia do Rio Grande do Sul. Pimenta é do RS e cotado como possível candidato ao Governo do Estado, em 2026.

Leite disse “entender” a nomeação de Pimenta e vê como ponto positivo o fato do ministro ser gaúcho. “Alguns falam que isso pode ser uma interferência do governo federal no Rio Grande do Sul. Eu prefiro olhar por outro ângulo, que seja o Rio Grande do Sul com um assento privilegiado para nos ajudar a resolver um problema como esse. Para que o ministro Pimenta nos ajude a convencer o governo federal de que não basta postergar essa dívida, que a gente precisa da quitação”, declarou.

Após suspensão de débitos, Leite pede perdão total de dívidas no RS

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), cita constantemente entraves fiscais do estado, que enfrenta uma situação de calamidade devido às fortes chuvas. Na última segunda-feira, 13, o Governo suspendeu o pagamento e zerou os juros da dívida de R$ 98 bilhões do RS com a União, por um período de 36 meses. Apesar de receber bem a medida, Leite afirmou que não pode considerá-la suficiente.

“Sobre esse tema da dívida, acho que demos um passo muito importante nessa definição. Fizemos essa demanda, por justiça, quero reconhecer que sei que é um esforço do ministério, tecnicamente, viabilizar. A nossa demanda inclui um pedido de quitação desses valores, que até aqui não se viabilizou, mas é um passo.

"Infelizmente não posso dizer que será suficiente essa medida e o presidente e o ministro têm consciência disso", completou.

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