Câmara de Fortaleza aprova título de cidadão a general que defendeu acampamentos bolsonaristas
Concessão partiu do vereador Germano He-Man (PMN). Na ocasião, dos parlamentares presentes apenas dois se manifestaram contra a propostaA Câmara Municipal de Fortaleza aprovou a concessão de título de cidadão fortalezense ao general André Luiz Ribeiro Campos Allão, ex-comandante da 10ª Região Militar do Exército. Em 2022, o militar defendeu a proteção de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), acampados em frente ao prédio da 10ª Região militar, na capital cearense. Na ocasião, ele ainda desafiou os poderes, que emitiam ordens contrárias, devido ao teor antidemocrático das manifestações.
A concessão foi uma proposição do vereador Germano He-Man (PMN). Na ocasião, dos parlamentares presentes, apenas Adriana Gerônimo (Psol) e Gabriel Biologia (Psol) se manifestaram, declarando voto contrário.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Adriana utilizou o tempo de discussão para defender o voto. “Ele assumiu publicamente apoio a fascistas, que acampavam em quartéis. Pessoas que pediam intervenção militar no nosso país, pediam a extinção dos três poderes. E a Câmara está prestes a aprovar um título de cidadania a esse senhor. Acho importante, antes de votar, lembrar as vossas excelências”, afirmou.
Quem é André Luiz Ribeiro Campos Allão?
O general é natural do Rio de Janeiro-RJ. Em 1981, ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), sediada em Campinas-SP. Em 1987, foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Artilharia, classificado no 31º Grupo de Artilharia de Campanha Escola (GEsA), no Rio de Janeiro-RJ.
Desde então, desempenhou funções no Exército como chefe da Divisão de Tecnologia e Informação da Assessoria de Planejamento e Gestão do Departamento-Geral do Pessoal (2012) e assistente-secretário do comandante do Exército (2015-2017).
André Luiz exerceu o comando da 10ª região militar durante agosto de 2021 a 4 de abril de 2023. Foi sucedido por Cristiano Pinto Sampaio, atual comandante. Hoje, Allão é vice-chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército brasileiro.
Além de Fortaleza, ele acumula título de cidadão em outras cidades brasileiras: Corumbá (MS), e - no Ceará - Crato, Camocim e Juazeiro do Norte.
Comandante defendeu proteção de bolsonaristas contra "outros poderes"
O apoio de André Luiz aos atos antidemocráticos circulou em vídeos, pouco após as eleições presidenciáveis de 2022. Nas filmagens o general defendia a proteção de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), acampados, na época, há duas semanas em frente do prédio militar.
Vestidos de verde e amarelo e segurando bandeiras do Brasil, os manifestantes pediam a intervenção federal das Forças Armadas para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na gravação, o comandante aparecia em frente a um grupo de outros militares na parte externa do Hospital Capitão Médico Meton de Alencar, em um evento da corporação. Ele afirmava que os agentes militares de Fortaleza e outros órgãos de segurança, do Estado e da Prefeitura, estariam atuando na "proteção" dos manifestantes.
O general ressaltou que tem "responsabilidade de trabalhar para quem venha para a frente da 10ª Região Militar seja protegido". A proteção, segundo ele, ultrapassa até as determinações de "outros poderes no caminho contrário", referindo ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tem emitido decisões para minimizar o teor antidemocrático das manifestações.
Na época, o ministro Alexandre de Moraes havia determinado que as Polícias Militares dos Estados atuassem para desobstruir as rodovias bloqueadas por manifestantes contrários ao resultado das eleições. Em outra decisão, o ministro determinou o bloqueio de contas ligadas a 43 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de financiar os atos antidemocráticos. O bloqueio nas contas tem o objetivo de frear a utilização de recursos para financiar as ações.