Deputado impulsiona fotos sem camisa para 'biscoitar' mulheres, mas nega uso de dinheiro público

De acordo com plataforma que gere redes sociais, o maior alcance dos impulsionamentos são mulheres jovens entre 18 e 24 anos

O deputado federal cearense Célio Studart (PSD) impulsiona fotos sem camisa nas redes sociais com público direcionado a mulheres jovens. O parlamentar pagou para que as publicações aparecessem mais para mulheres com idade entre 18 e 34 anos, conforme a Biblioteca de Anúncios da Meta, empresa que administra as redes sociais Instagram, Facebook, WhatsApp e Messenger.

A situação foi revelada pelo Núcleo Jornalismo, especializado em cobertura de redes sociais. Célio negou que tenha sido usado dinheiro público para o impulsinamento.

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Em análise feita pelo O POVO na plataforma, foi constatado gasto que pode chegar até pouco mais de R$ 40 mil em todas as publicações do deputado no ano de 2023 impulsionadas no Instagram. Desse total, 11 postagens tinham um teor "biscoiteiro" – o termo é usado como gíria para indicar publicações quwe buscam atrair elogios na internet.

No mesmo ano, Célio destinou mais de R$ 51 mil da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) à empresa Facebook Serviços Online do Brasil LTDA, conforme consta no portal da Câmara dos Deputados.

A cota existe para financiar despesas que podem incluir passagens aéreas, combustível, segurança e, também, divulgação de atividade parlamentar. Bancada por meio de reembolso, essa última categoria é a que consta nos recibos da empresa Facebook.

Pelas informações disponíveis, O POVO não conseguiu constatar com quais publicações a verba do parlamentar foi usada em 2023, nem se havia algum post com exposição do corpo impulsionado com dinheiro público.

O deputado cearense afirma que "no período de veiculação das fotos utilizadas na matéria não houve pedido de ressarcimento da Câmara dos Deputados por impulsionamento" e que "estar na Biblioteca de Anúncios da Meta não significa que o parlamentar pediu ou vai pedir o ressarcimento".

"Qualquer exposição da minha vida pessoal em minhas redes é de total liberdade minha, seja em esportes, afazeres domésticos ou qualquer outro assunto", escreveu Célio em suas redes sociais. "Vou malhar mais para cuidar melhor do corpo e recomendo isso a todos os desocupados também", continuou nos comentários.

Questionada pelo O POVO sobre o público-alvo dos impulsionamentos serem mulheres jovens, a assessoria de comunicação do parlamentar afirmou que "cada rede social tem suas particularidades e por isso necessita de diferentes estratégias. O Facebook tende a ser segmentado a um público mais velho e o Instagram, a um público mais novo".

O comunicado também expôs que, "como pode ser visto nos dados da Biblioteca da Meta e na transparência da Câmara dos Deputados, em 2024, apenas em janeiro foi pedido ressarcimento de impulsionamento, período em que não foi publicada nenhuma dessas imagens mencionadas".

De fato, em janeiro deste ano nenhuma publicação de teor "biscoiteiro" foi registrada na plataforma. Contudo, entre fevereiro e abril de 2024, O POVO detectou sete publicações de teor "biscoiteiro" no perfil no Instagram. O ponto em comum entre elas é o alcance de mulheres entre 18 a 34 anos. As mais novas, até 24 anos, têm as maiores porcentagens de alcance. Desse total, ele aparece sem camisa em quatro.

Nos demais conteúdos, apesar de vestido, não há relação com a atividade política de Studart, por isso foram contabilizados nesse grupo de publicações. Em um dos vídeos, por exemplo, o deputado fala sobre as condições para uma mulher ser pretendente à esposa.

Em outra publicação, Célio surge de regata praticando atividade física em casa. Na terceira, o clima é de carnaval. Trata-se de uma selfie em que o parlamentar diz ter customizado um abadá apesar de “não curtir” o período.

O ressarcimento pode ser pedido posteriormente. O deputado ainda não fez solicitação, e afirma que não o fará.

Leia notas na íntegra

Célio Studart

"Sobre matéria tendenciosa veiculada há poucos dias insinuando o uso de dinheiro público para impulsionamento de conteúdos pessoais em minhas redes:

1. No período de veiculação das fotos utilizadas na matéria não houve pedido de ressarcimento da Câmara dos Deputados por impulsionamento.

2. Estar na biblioteca de anúncios da Meta NÃO significa que o parlamentar pediu ou vai pedir o ressarcimento.

3. Qualquer exposição da minha vida pessoal em minhas redes é de total liberdade minha, seja em esportes, afazeres domésticos ou qualquer outro assunto.

Aproveito a oportunidade pra lembrar que recusei carro oficial, previdência parlamentar e não uso várias das indenizações que teria direito, mas isso não gera notícia".

Assessoria de Célio ao OPOVO

"Cada rede social tem suas particularidades e por isso necessita de diferentes estratégias. O Facebook tende a ser segmentado a um público mais velho e o Instagram, a um público mais novo.

Como pode ser visto nos dados da biblioteca da Meta e na transparência da Câmara dos Deputados, em 2024 apenas em janeiro foi pedido ressarcimento de impulsionamento, período em que não foi publicada nenhuma dessas imagens mencionadas.

Importante pontuar, ainda, que a Câmara faz os ressarcimentos no modelo de reembolso e a partir de nota fiscal emitida pelo próprio Facebook. Ou seja, não há como os gastos ressarcidos terem sido maiores do que os efetivamente feitos na plataforma".

 

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