Aluna diz que Moraes acabou com as leis, professora a corrige e é ameaçada
Segundo diretor da escola, docente apresentou atestado médico de 30 dias por abalo psicológico. Aluna foi transferida após pedido da família
17:17 | Abr. 24, 2024
Uma professora de escola pública foi ameaçada após corrigir aluna sobre atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A situação ocorreu no Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama, no Distrito Federal, na quarta-feira, 17.
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A estudante escreveu que o magistrado havia acabado com as leis no País. Baseada na Constituição Federal, a docente explicou que não cabe ao Judiciário elaborar leis. A aluna do 2º ano ligou para a mãe e contou a situação. A responsável pela estudante enviou um áudio no WhatsApp para a supervisora do colégio pedindo a condenação da conduta da docente.
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Conforme o diretor da instituição de ensino, a mãe disse que não aceitaria que a filha fosse "doutrinada" e que "esfregaria o celular na cara da professora para mostrar que as leis foram mudadas”, caso a escola não “desse um jeito” na situação.
Ainda conforme ele, a mulher disse ser amiga dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). A mãe da aluna chegou a ir à instituição de ensino e repetiu agressões verbais, além de dizer que iria "atrás dos [próprios] direitos". O diretor também informou que a professora entregou atestado médico de 30 dias devido ao abalo psicológico.
O caso repercutiu na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Presidida pelo deputado Gabriel Magno (PT), a Comissão de Educação, Saúde e Cultura da CLDF emitiu nota de repúdio pela violência contra a professora, considerado haver um "ataque direto à liberdade de cátedra".
"Expressamos nossa solidariedade e reafirmamos nosso compromisso com uma educação escolar que cumpra a função de ofertar a todos os estudantes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado pela sociedade e validado por meio da ciência. Somente assim será possível construirmos uma sociedade igualitária, fraterna e livre de opressões e discriminações", consta em trecho da nota.
O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) se reuniu com o corpo docente da escola. “Não há dúvidas de que isso é um claro ataque à liberdade de cátedra. Escola é lugar de conhecimento, de diálogo, de tolerância e de respeito à diversidade”, afirmou o diretor da Sinpro-DF, Raimundo Kamir.
Por nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (Seedf) alegou que "agiu prontamente" ao tomar ciência do ocorrido e contatou a Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama para reportar o caso. Conforme a pasta, a aluna foi transferida de escola a pedido da família.
“Tanto a Coordenação de Ensino do Gama quanto a diretoria da escola relataram que, após o incidente, a professora registrou um boletim de ocorrência, e a CRE prontamente atendeu ao pedido de transferência da aluna feito pela família [da estudante]”, explicou a Secretaria.