Aluna diz que Moraes acabou com as leis, professora a corrige e é ameaçada

Segundo diretor da escola, docente apresentou atestado médico de 30 dias por abalo psicológico. Aluna foi transferida após pedido da família

Uma professora de escola pública foi ameaçada após corrigir aluna sobre atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A situação ocorreu no Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama, no Distrito Federal, na quarta-feira, 17.

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A estudante escreveu que o magistrado havia acabado com as leis no País. Baseada na Constituição Federal, a docente explicou que não cabe ao Judiciário elaborar leis. A aluna do 2º ano ligou para a mãe e contou a situação. A responsável pela estudante enviou um áudio no WhatsApp para a supervisora do colégio pedindo a condenação da conduta da docente.

Conforme o diretor da instituição de ensino, a mãe disse que não aceitaria que a filha fosse "doutrinada" e que "esfregaria o celular na cara da professora para mostrar que as leis foram mudadas”, caso a escola não “desse um jeito” na situação.

Ainda conforme ele, a mulher disse ser amiga dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG). A mãe da aluna chegou a ir à instituição de ensino e repetiu agressões verbais, além de dizer que iria "atrás dos [próprios] direitos". O diretor também informou que a professora entregou atestado médico de 30 dias devido ao abalo psicológico.

O caso repercutiu na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Presidida pelo deputado Gabriel Magno (PT), a Comissão de Educação, Saúde e Cultura da CLDF emitiu nota de repúdio pela violência contra a professora, considerado haver um "ataque direto à liberdade de cátedra".

"Expressamos nossa solidariedade e reafirmamos nosso compromisso com uma educação escolar que cumpra a função de ofertar a todos os estudantes o acesso ao conhecimento historicamente acumulado pela sociedade e validado por meio da ciência. Somente assim será possível construirmos uma sociedade igualitária, fraterna e livre de opressões e discriminações", consta em trecho da nota.

O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) se reuniu com o corpo docente da escola. “Não há dúvidas de que isso é um claro ataque à liberdade de cátedra. Escola é lugar de conhecimento, de diálogo, de tolerância e de respeito à diversidade”, afirmou o diretor da Sinpro-DF, Raimundo Kamir.

Por nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (Seedf) alegou que "agiu prontamente" ao tomar ciência do ocorrido e contatou a Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama para reportar o caso. Conforme a pasta, a aluna foi transferida de escola a pedido da família.

“Tanto a Coordenação de Ensino do Gama quanto a diretoria da escola relataram que, após o incidente, a professora registrou um boletim de ocorrência, e a CRE prontamente atendeu ao pedido de transferência da aluna feito pela família [da estudante]”, explicou a Secretaria.

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