Parlamentares trocam acusações sobre responsabilidade em morte no IJF e culpam até Bolsonaro

Na Câmara de Fortaleza e na Assembleia Legislativa do Ceará, as sessões foram cercadas de debates sobre assassinato ocorrido dentro do Instituto José Frota (IJF)

As sessões na Câmara de Fortaleza e na Assembleia Legislativa do Ceará foram cercadas de trocas de acusações sobre qual gestão (Prefeitura ou Estado) deveria ser responsabilizada pelo assassinato ocorrido dentro do Instituto José Frota (IJF). Na manhã desta terça-feira, 23, um funcionário foi morto a tiros e decapitado dentro da unidade hospitalar.

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Logo após o ocorrido, o prefeito José Sarto (PDT) afirmou que a “paralisia” do Governo do Ceará em relação à segurança pública consiste em ação de “cumplicidade” ao assassinato. Em resposta, o governador Elmano de Freitas (PT) chamou as declarações do prefeito de “baixaria”, acusou-o de ser “irresponsável e oportunista” por criar fatos políticos em cima de tragédias, além de criticar a “terceirização da responsabilidade” dos crimes.

Assembleia Legislativa cita nome até do ex-presidente Jair Bolsonaro

Na Assembleia, o presidente da Casa, recém-escolhido pré-candidato  do PT à Prefeitura, Evandro Leitão, afirmou a jornalistas que houve falha no equipamento público e que Sarto “terceirizar a responsabilidade” é o mesmo que “brincar com a inteligência das pessoas”.

“Se acontece alguma coisa aqui dentro da Alece, a responsabilidade é minha, presidente da Assembleia. Querer terceirizar uma responsabilidade, dizer que foi falha da segurança do Governo do Estado do Ceará, é brincadeira. Está querendo brincar com a inteligência das pessoas, é debochar da população. Já está bom de o prefeito assumir suas responsabilidades”, afirmou Evandro.

Ao O POVO, o deputado estadual Sargento Reginauro (União Brasil) atribuiu a culpa aos dois gestores: Elmano e Sarto. Segundo ele, em meio à troca de acusações, o povo vai continuar à mercê da criminalidade.

“Não tem como dizer que não é problema de segurança pública. É e continuará sendo. Não se pode conceber uma pessoa sendo executada e decapitada dentro de um equipamento público no Estado democrático de direito. Era para todo mundo estar se unindo e não estar fazendo esse joga pra lá e joga pra cá em cima de um problema tão sério”, disse.

No entanto, ele considera que a responsabilidade maior é do governador Elmano de Freitas, “a quem compete resolver o problema”, afirmou. “O prefeito tem muito a fazer e pode contribuir muito. A Prefeitura pode colaborar, mas a responsabilidade maior é do governo do estado”, afirmou.

Na sessão plenária, o líder do bloco do PT, De Assis Diniz, comentou sobre o assunto e disse que nada acontece da noite para o dia, culpando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo caso de violência. "Temos que lembrar quem fazia arminha, quem dizia que bandido bom é bandido morto, ou melhor, solto", comentou, citando políticas de apreensão de armas do Governo do Estado.

Vereadores querem maior intervenção do Estado e discussão na Comissão de Segurança

Na Câmara, o assunto foi iniciado pelo vereador Raimundo Filho (PDT), da base de Sarto. Ele fez um apelo à segurança pública do Estado, para proteger mais a população. “Não temos segurança de forma nenhuma. Peço que intervenha na segurança do nosso município”, disse.

Em seguida, começou uma onda de declarações contra o governo Elmano e a gestão Sarto. Da oposição, se pronunciaram os vereadores: Professora Adriana Almeida (PT), Júlio Brizzi (PT), Bruno Mesquita (PSD), Leo Couto (PSB) e Ronivaldo Maia (PSD). Todos alegaram que o superintendente do IJF e o prefeito tinham responsabilidade no caso. Maia, inclusive, pediu que a Comissão de Segurança da Câmara discuta o assunto em uma reunião. Leo Couto pediu para que o diretor do IJF, José Maria Sampaio Menezes Júnior, fosse chamado à Casa.

Por outro lado, criticaram o Governo do Estado os vereadores Paulo Martins (PDT) e o líder de Sarto na Câmara, Iraguassu Filho (PDT). O líder chegou a afirmar que se o ocorrido não fosse no IJF, seria em qualquer outro local. “A violência está demais", disse. Ele também afirmou que serão contratados mais de 1.000 guardas municipais até o fim do ano, mas que ainda será insuficiente, devido à ação escassa do Estado.

Colaborou o repórter Guilherme Gonsalves/O POVO

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