Governo de SP quer utilizar Inteligência Artificial na elaboração de aulas digitais

O projeto causou reações negativas de professores estaduais. No ano passado, a Justiça de São Paulo suspendeu materiais digitais escolares devido a erros graves no conteúdo

O Governo do Estado de São Paulo quer implementar um projeto-piloto que utiliza mecanismos de Inteligência Artificial (IA) na elaboração de aulas digitais da rede pública de ensino. Segundo o Executivo, a ferramenta é uma “facilitadora” e não substituirá o trabalho dos professores.

Na proposta, as aulas digitais, no formato de slides, contam com uma primeira alteração do atual material feita por uma ferramenta de IA, com base em temas pré-definidos e referências concedidas pela Secretaria Estadual da Educação. A seguir, essa versão é avaliada, corrigida e aprovada pelo time interno da Secretaria.

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Segundo a pasta, o procedimento é acompanhado por um time de 90 professores curriculistas e será voltado para o terceiro bimestre dos últimos anos do ensino fundamental e para todo o ensino médio.

“Esse processo de fluxo editorial ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação”, disse a SEE, em nota ao g1.

Já o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que o Estado não deve deixar de usar tecnologias de IA por “por preconceito por qualquer razão, obviamente tem que usar com parcimônia”.

"Nada vai substituir o papel do professor, até porque a responsabilidade do que tá dentro de sala de aula é do professor. [Ele] que sabe como ele vai ministrar, que sabe como ele vai passar o conteúdo”, afirmou.

O anúncio do projeto causou reações negativas de professores estaduais, que, em suma, enxergam a proposta como uma ameaça à profissão. À Agência Brasil, a deputada estadual, Professora Bebel (PT), disse que “as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são ferramentas auxiliares no processo educativo e jamais podem substituir o trabalho do professor". A parlamentar entrou com uma ação no Ministério Público contra o uso do ChatGPT.

Material digital de São Paulo já apresentou problemas no conteúdo

Os materiais digitais são um tópico frequente do Governo de São Paulo. Em 2023, o titular da SEE, Renato Feder, estudou um projeto de distribuição de material 100% digital, encerrando o recebimento de livros impressos pelo Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação.

No entanto, a decisão não foi para frente. Pelo contrário, na época, a Justiça de São Paulo suspendeu materiais digitais escolares devido a erros graves no conteúdo. Dentre as desinformações, era dito que em 1888, Dom Pedro II assinou a Lei Áurea e que o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade é transmissível pela água.

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