Embaixada húngara demite servidores brasileiros após vazamento de visita de Bolsonaro

Mesmo sem comprovar a participação dos funcionários na propagação dos vídeos, a cúpula da embaixada optou pela desvinculação dos brasileiros que tinham acesso ao monitor que exibia as imagens em tempo real

A informação da estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na embaixada da Hungria, em Brasília, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, resultou na demissão dos funcionários brasileiros que trabalhavam no local.

Mais informações ao vivo:

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

A embaixada demitiu ao menos dois servidores como punição pelo vazamento de imagens do circuito interno que mostram o momento em que o ex-presidente chega à representação húngara no Brasil.

Mesmo sem comprovar a participação dos funcionários na propagação dos vídeos, a cúpula da embaixada optou pela desvinculação dos brasileiros que tinham acesso ao monitor que exibia as imagens em tempo real.

Desde que o jornal norte-americano The New York Times divulgou a notícia de que Bolsonaro passou duas noites na embaixada, onde não poderia ser preso, a representação diplomática abriu uma investigação interna para tentar descobrir como a imprensa teve acesso à informação e aos vídeos.

Ainda que no período de visita de Bolsonaro houvesse menor quantidade de funcionários circulando no local, devido ao feriado de Carnaval, os brasileiros que trabalham na representação húngara entraram na mira das investigações.

A hospedagem

Veio a público, no último dia 25 de março, imagens que mostram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indo à embaixada da Hungria com o intuito de se hospedar. A iniciativa do ex-mandatário foi tomada logo após ele ter sido alvo de operações da Polícia Federal (PF).

Após a repercussão do caso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu um prazo de 48 horas para que o ex-presidente prestasse esclarecimentos sobre a estadia na representação húngara.

Bolsonaro encaminhou um documento contendo argumentos para o caso. De acordo com o político, não havia “fundado e justificado” receio de prisão.

No documento, a defesa do ex-presidente reitera que “o Peticionário mantém a agenda política com o governo da Hungria, com quem tem notório alinhamento”, e que por este motivo, sempre manteve “interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”.

No que tange à suposição de que Bolsonaro estaria buscando refúgio político na Hungria para evitar uma eventual prisão, a defesa nega, afirmando que o ex-mandatário não tinha interesse em alguma espécie de “asilo diplomático”.

“Não há, portanto, razões mínimas e nem mesmo cenário jurídico a justificar que se suponha algum tipo de movimento voltado a obter asilo em uma embaixada estrangeira ou que indiquem uma intenção de evadir-se das autoridades legais ou obstruir, de qualquer forma, a aplicação da lei penal”, consta a defesa no esclarecimento.

O trecho faz referência ao dia 8 de fevereiro deste ano, quando a PF realizou prisões, cumpriu mandados de busca e apreensão e confiscou o passaporte do ex-presidente. Sob essa justificativa, a defesa alegou que já tinha ficado claro que não havia intenção de prender Bolsonaro e sustentou que, se ele tivesse que ser preso, teria sido naquele dia 8.

“Portanto, diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do Peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, completa.

Operação da Polícia Federal

No dia 8 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis, que apura a conduta de Bolsonaro e seus assessores mais próximos no planejamento de uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Quatro dias depois, em 12 de fevereiro, o ex-presidente esteve na Embaixada da Hungria no Brasil, acompanhado por dois seguranças e integrantes da equipe diplomática, como mostram as imagens das câmeras de segurança do local divulgadas pelo The New York Times.

De acordo com o veículo norte-americano, a estadia de Bolsonaro na embaixada sinaliza que ele estaria tentando aproveitar suas boas relações com o primeiro-ministro Viktor Orbán para tentar escapar da Justiça Brasileira. Viktor foi um dos poucos chefes de Estado a comparecer à cerimônia de posse de Bolsonaro em janeiro de 2019.

Siga o canal de Política do O POVO no WhatsApp 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar