Rui Costa é alvo de delação em investigação sobre fraude na compra de respiradores

O contrato consiste em R$ 48 milhões destinados a respiradores que nunca foram entregues e cujo valor nunca foi totalmente recuperado

14:19 | Abr. 03, 2024

Por: Ludmyla Barros
Rui Costa foi citado em diversas ocasiões na delação (foto: Divulgação)

O nome do ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi delatado no âmbito de uma investigação sobre fraude na compra de respiradores, na Bahia, durante a pandemia de Covid-19. Na época governador do Estado, ele mesmo foi o responsável por determinar a investigação da Polícia Federal.

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O contrato consiste em R$ 48 milhões destinados a respiradores que nunca foram entregues e cujo valor nunca foi totalmente recuperado. A transação ocorreu pela Hempcare, uma empresa sem experiência na importação de respiradores pulmonares, fundada para distribuir medicamentos à base de canabidiol.

A delação partiu da empresária Cristiana Prestes Taddeo. Após o acordo, ela devolveu cerca de R$ 10 milhões aos cofres públicos e confessou irregularidades, apresentando extratos bancários de transferências a intermediários da venda. Informações são do portal Uol.

Rui Costa foi citado em diversas ocasiões na delação. Segundo Taddeo, a negociação só seguiu por conta de sua autorização. O então governador teria passado, inclusive, o número da Hempcare para Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil, autorizando-o a negociar a compra dos respiradores com a empresa. Responsável pelas tratativas, Dauster confirmou a informação em depoimento à PF.

Entenda o esquema da compra de respiradores na Bahia

O contato teria ocorrido em abril de 2020, no qual Dauster manifestou interesse em comprar os respiradores, sempre citando que contava com a necessidade de autorização de Costa.

O acordo ainda foi intermediado por um empresário baiano “amigo” do atual ministro e da sua esposa, Aline Peixoto - Cleber Isaac e um sócio de um fundo privado de investimentos na área de saúde - Fernando Galante.

Eles teriam cobrado comissões pelo negócio, em um montante que totalizou R$ 11 milhões. Taddeo concordou com o pagamento aos intermediadores, alegando que não sabe para quem, de fato, foi o dinheiro.

Cada respirador custaria US$ 28.900, totalizando R$ 48 milhões para os 300 itens a serem adquiridos. O pagamento foi recebido por Taddeo em duas parcelas, sem nenhuma comprovação sobre a importação dos respiradores, que viriam da China. Ou seja, o pagamento ocorreu antes da certeza de que os itens realmente poderiam ser comprados.

O que teria se dado: ao contratar a empresa chinesa responsável pela venda, Taddeo foi notificada de que os itens não estavam mais disponíveis. O secretário Bruno Dauster cobrou a devolução dos recursos, que já não existiam em sua totalidade devido ao pagamento das comissões. Foi quando Rui Costa determinou a abertura da investigação.

Rui Costa nega as acusações e o envolvimento

Em nota ao Uol, o ministro afirmou que “nunca tratou com nenhum preposto ou intermediário sobre a questão das compras deste e de qualquer outro equipamento de saúde”. Além disso, alegou que, durante a pandemia, a condição vigente determinada pagamento adiantado e, portanto, não havia irregularidade nisso.

“O ex-governador Rui Costa deseja que a investigação prossiga e que os responsáveis pelo desvio do dinheiro público sejam devidamente punidos e haja determinação judicial para ressarcimento do erário público”, diz o texto.

A assessoria de Costa ainda disse que há “a inexistência de qualquer indício ou participação do então governador Rui Costa ou sua esposa nos fatos apurados nesta investigação". A defesa de Cléber Isaac não quis comentar sobre as investigações.