Lula e Bolsonaro: onde estavam e o que fizeram na Ditadura
Saiba como os dois políticos viviam durante o regime militar no Brasil e suas posições sobre o golpe de 1964, que completa 60 anos em 2024
00:05 | Mar. 31, 2024

O golpe militar que destituiu o presidente João Goulart em 1964 completa 60 anos neste domingo, 31 de março. O regime foi responsável por 434 mortes e desaparecimentos durante os seus 21 anos de duração, de acordo com o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Em 2022, os dois candidatos à presidência do Brasil possuíam históricos divergentes sobre a ditadura militar. De um lado, o eventual vencedor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT): ex-metalúrgico que ascendeu à presidência entre 2003 e 2011 e já havia sido preso pelo regime durante greve.
Do outro, Jair Messias Bolsonaro (PL), um militar reformado conhecido por sua admiração pelo coronel Carlos Brilhante Ustra, torturador na ditadura militar.
Mas o que Lula e Bolsonaro fizeram durante a ditadura militar? Conheça suas trajetórias.
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Lula: onde estava e o que fez durante a ditadura militar
Como o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula foi preso ao lado de outros 10 dirigentes sindicais no 19º dia da paralisação dos metalúrgicos, que exigiam reajuste salarial e estabilidade no emprego. O ato mobilizou mais de 200 mil trabalhadores.
Após a prisão, ocorrida em 1980, os grevistas passaram a exigir a libertação de Lula e dos dirigentes. De acordo com o Instituto Lula, o metalúrgico e seus companheiros passaram oito dias em cela na Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, enquanto o movimento prosseguia.
O relato da organização também adiciona que os protestantes cantavam “Caminhando”, de Geraldo Vandré, e gritavam: “Se não soltar o Lula, ninguém vai trabalhar”.
Em 1984, o futuro chefe de Estado do Brasil participou do movimento Diretas Já, que reivindicava o fim da ditadura militar e a possibilidade do voto direto para a eleição presidencial.
Lula: e agora?
Em entrevista à Rede TV em fevereiro de 2024, Lula afirmou estar “mais preocupado com o golpe de janeiro de 2023 do que de 64”, ano em que tinha 17 anos. “Isso já faz parte da história, já causou o sofrimento que causou”.
A declaração não agradou os apoiadores e, apesar do tom apaziguador tomado pelo presidente em suas últimas afirmações, o Partido dos Trabalhadores (PT) destacou em nota na Câmara dos Deputados o seu repúdio ao golpe militar.
“Não há o que celebrar em 31 de março ou 1º de abril. Relembrar a ditadura é crucial para evitarmos retrocessos e reafirmarmos nosso compromisso com a democracia, com os direitos humanos e com o Estado Democrático de Direito”, diz parte do conteúdo.
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Bolsonaro: onde estava e o que fez durante a ditadura militar
O ex-presidente do Brasil se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1977, ano em que Ernesto Geisel ocupava o cargo de representante do regime militar no País.
Na década de 1980, Bolsonaro se formou em Educação Física na Escola de Educação Física do Exército e ainda participou de um curso na Brigada Paraquedista do Exército.
Ao longo de sua carreira política, Jair Bolsonaro ficou conhecido por suas declarações favoráveis à ditadura militar no Brasil. Durante a sua presidência, em 2022, o político não deixou de fazer referências ao regime em cerimônia de troca de ministros no dia 31 de março.
“Quem esteve no governo naquela época fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada, seria uma republiqueta”, afirmou na solenidade.
Anteriormente, Bolsonaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e citou Coronel Brilhante Ustra, chefe do centro de repressão do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em seu discurso.
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, disse, relembrando as torturas vividas por Dilma na ditadura militar.
Bolsonaro: e agora?
A gestão de Bolsonaro comemorou a data do golpe militar, 31 de março, durante os quatro anos de sua presidência e agora, longe da posição de chefe de Estado, o político mantém sua visão positiva sobre o regime.