Escute os áudios vazados que provocaram a prisão de Mauro Cid e põem delação em xeque

Na gravação, divulgada pela revista Veja, Cid afirma que Moraes "está com a sentença pronta" para condenar os investigados

Veio a público nesta quinta-feira, 21, áudios em que o ex-ajudante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, ataca a Polícia Federal e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Na gravação, divulgada pela revista Veja, Cid afirma que Moraes “está com a sentença pronta” para condenar os investigados.

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A defesa de Mauro Cid não negou a autenticidade dos áudios. Os advogados alegam que as declarações “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.

Ouça os áudios vazados

 

Leia a transcrição do áudio de Cid

“Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu". 

“Não vai adiantar. Não adianta. Você pode falar o que você quiser. Eu vi isso ontem. Eles não aceitavam e discutiam, que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo".

“Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam. E toda vez eles falavam: ‘Olha, a sua colaboração está muito boa’. Tipo assim, ele até falou: ‘Vacina, por exemplo, você vai ser indiciado por 9 tentativas de falsificação de vacina, vai ser indiciado por associação criminosa e mais um termo lá. Só essa brincadeira são 30 anos pra você’”.

"Eu vou dizer pelo que eu senti: eles já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar. E eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem".

“Eles são a lei agora. A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação". 

“Se eu não colaborar vou pegar 30, 40 anos (de prisão). Porque eu estou em vacina, eu estou em joia”.

Mauro Cid é preso

Após 30 minutos de depoimento à agentes da Polícia Federal, nesta sexta-feira, 22, o tenente-coronel Mauro Cid foi preso preventivamente a mando do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A prisão foi determinada por descumprimento de cautelares impostas contra Cid e por obstrução de Justiça. Após ser comunicado da prisão, ele desmaiou, foi atendido e em seguida encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de exames.

Delação premiada

Mauro Cid fechou acordo de colaboração premiada após ter sido preso no âmbito do inquérito que apura fraudes em certificados de vacinação contra covid-19. Além do caso referente às vacinas, Cid cooperou também com o inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado que teria sido elaborada no alto escalão do governo Bolsonaro.

Como consta na legislação brasileira, delação premiada consiste em um acordo feito, na maioria das vezes, entre o Ministério Público, e um delator, que participa da ação criminosa como protagonista ou coautor.  A negociação se dá a partir de um benefício oferecido ao indivíduo para que ele colabore com o Estado.

A iniciativa surge para produzir provas sobre crimes já ocorridos, identificar coautores desses crimes e evitar a prática de novos crimes.

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