Mauro Cid sai preso de novo depoimento após áudio vazado que compromete delação

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro colocou a delação premiada em xeque

14:52 | Mar. 22, 2024

Por: Guilherme Gonsalves
Tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso por descumprimento de medidas judiciais e obstrução de Justiça, nesta sexta-feira, 22, após vazamento de áudios em que colocaram a sua delação premiada em xeque. A ordem de prisão preventiva foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A delação premiada de Cid, firmada pela Polícia Federal (PF), está sob análise e pode ser suspensa.

Mais informações ao vivo:

"Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML pela PF", diz nota do STF.

Cid foi detido mais uma vez, após o vazamento de áudios em que ele diz ter sido pressionado pela Polícia Federal (PF) durante os depoimentos prestados. Ele também faz críticas Moraes, responsável pelas investigações sobre a tentativa de golpe, a venda de joias e registros de vacina falsificados. chegando a dizer que o ministro já teria as sentenças prontas e que ele "é a lei".

Ouça os áudios completos aqui

Antes de ser preso, o tenente-coronel foi ao STF prestar novo depoimento relacionado à delação premiada. Esteve presente o seu advogado, Cezar Bittencourt e um integrante da Procuradoria-Geral da República. Ele foi ouvido por um juiz auxiliar de Alexandre de Moraes sobre o conteúdo dos vazamentos revelados pela revista Veja na quinta-feira, 21.

Conforme Cid diz nos áudios, policiais o induziram a colaborar com afirmações de testemunhas. Além disso, ele indicou que um delegado teria o intimidado a reproduzir determinadas informações, sob pena de perder benefícios do acordo.

“Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou Cid.

Cid desmente aos amigos até informações que são assinadas nas investigações. Por exemplo, o tenente-coronel confirmou tem recebido ordem de Bolsonaro para produzir a falsificação dos registros de vacina contra Covid-19. Já com pessoas próximas, ele garante não ter recebido a determinação.

Além disso, afirma nunca ter falado em golpe de Estado ou sobre existe uma minuta de teor ilegal.