Lula diz que golpe só não ocorreu porque Bolsonaro é "covardão"

Em reunião ministerial, presidente disse que os riscos do golpe eram altos e que a falta de vontade de comandantes militares foi fundamental para a não concretização

A possibilidade real de um golpe de estado a ser instalado no Brasil foi frisada nesta segunda-feira, 18, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante reunião ministerial, Lula disse que os riscos foram sérios e só não se concretizaram pela falta de vontade de comandantes militares e pelo fato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter sido, em sua visão, “um covardão”.

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“Hoje nós temos certeza que esse país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições de 2022. Não houve golpe porque algumas pessoas que estavam no comando das forças armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é covardão. Ele não teve coragem de executar aquilo que planejou”, disse a ministros.

Para Lula, a reclusão de Bolsonaro pós-eleições presidenciais de 2022 e sua ida aos Estados Unidos seriam a prova dessa covardia. “Ficou dentro de casa, no Palácio chorando quase um mês e preferiu fugir para os EUA do que fazer o que ele tinha prometido. Na expectativa de que fora do País o golpe poderia acontecer, eles financiaram as pessoas nas portas dos quartéis para tentar estimular a sequência do golpe”, comentou o presidente.

Agora, o mandatário afirma que os idealizadores tentam reverter a narrativa, alegando que nada de concreto foi realizado e, portanto, não deveriam ser responsabilizados, apesar das evidências.

A declaração de Lula ocorreu após a quebra de sigilo dos documentos da investigação sobre golpe de Estado. Ação partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na última sexta-feira, 16.

Nos inquéritos, figuras como o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos De Almeida Baptista Júnior, relatam envolvimento do ex-presidente com a elaboração e edição de uma minuta golpista. Ele também teria realizado reuniões para discutir a trama, com apoio de ex-ministros e apoiadores.

Uma dia após os depoimentos virem à tona, Bolsonaro alegou perseguição. "Não faltarão pessoas para te perseguir, para tentar te derrotar, vão te acusar de coisas absurdas (...) Poderia estar muito bem em outro país, preferi voltar para cá com todos os riscos que ainda corro. Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos", disse.

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