Presidente do STM critica alto número de militares no governo Bolsonaro
Militar defendeu que segmento não deve se "misturar com a política" e que mesmo o ocupante do cargo de ministro da Defesa deve ser um civil, não um militar
17:23 | Mar. 18, 2024
O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), o brigadeiro cearense Francisco Joseli Parente Camelo, classificou como um erro o fato do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter muitos militares em sua composição. Ele defendeu ainda que o segmento não deve se misturar com a política.
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A fala ocorreu em entrevista à CNN Brasil no último sábado, 16, após o militar ser perguntado sobre a relação da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o segmento e ocorre na esteira de investigações que apuram condutas de militares numa suposta trama golpista para invalidar os resultados das eleições presidenciais de 2022.
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“Acho (um erro). Não tem dúvida. Não podemos ter um governo com tantos militares. Tanto no Ministério da Saúde, como mesmo na Presidência; Os militares têm que ter a consciência de que estamos subordinados ao poder civil. O ministro da Defesa tem que ser civil, não um militar. Nós temos nossa competência, como garantir a Constituição, a garantia dos poderes, da lei e da ordem e é para isso que temos que nos preparar. Não temos que nos misturar com a política. Temos que trabalhar dentro das nossas competências”, disse.
Parente reforçou que os militares devem trabalhar dentro das funções pré-estabelecidas, atuando na proteção de fronteiras terrestres, marítimas e aeroespaciais. “E quando necessário, ajudando a população em momentos de desastres, em momentos de calamidades. É isso que nós fazemos e fazemos com muita maestria”, concluiu.
Perguntado sobre a situação do ex-presidente Bolsonaro e dos processos dos quais o ex-gestor é alvo, o presidente do STM disse “não ter ideia” do que ocorrerá com Bolsonaro. “Sinceramente não tenho ideia, é completamente imprevisível”, destacou.
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As declarações ocorrem num contexto de investigações da Polícia Federal (PF) que colocam Bolsonaro no centro de uma suposta tentativa de emplacar golpe de estado no País. Dentre os depoimentos colhidos pela PF estão o do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e o do ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior.
Ambos estavam à frente das respectivas forças armadas quando Bolsonaro era presidente e detalharam encontros convocados pelo então gestor, com aval de aliados do governo, para discutir a possibilidade de golpe.