Generais cearenses são citados em depoimento de Freire Gomes sobre golpe de Bolsonaro

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Estevam Teophilo, ex-Coter, são citados pelo ex-comandante do exército

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, citou dois cearenses nas tratativas da trama golpista. O general Estevam Teophilo, na época a frente do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) e o então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O sigilo deste e outros depoimentos foi retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O ex-comandante do Exército afirmou que o general Estevam Teophilo foi convocado, no dia 9 de dezembro de 2022, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, para comparecer ao Palácio da Alvorada.

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Freire Gomes disse desconhecer o motivo do encontro e não lembrar se foi reportado, por parte de Teophilo, o conteúdo da conversa com Bolsonaro. Freire ressaltou não ter partido dele a ordem para o encontro, e sim do ex-presidente.

O incômodo de Freire com a visita de Teophilo se deu pelo teor dos encontros anteriores entre Bolsonaro e os ex-comandantes das Forças Armadas.

O Coter, na época comandado por Teophilo, tem atribuição de coordenar o preparo e o emprego da força terrestre, além de prover recursos para operações do Exército.

Paulo Sérgio Nogueira e a minuta golpista

Já Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, foi citado por Freire em uma reunião, no dia 14 de dezembro de 2022, onde o cearense teria convocado os comandantes das Forças Armadas, Baptista Junior (Aeronáutica), Almirante Garnier (Marinha) e Freire Gomes (Exército) para uma reunião na sede do Ministério da Defesa.

Na ocasião, Paulo Sérgio apresentou uma minuta golpista, que seria mais abrangente do que a antes exposta por Jair Bolsonaro.

Mas, da mesma forma, decretava o “Estado de Defesa” no STF e o estabelecimento da Comissão de Regularidade Eleitoral para “apurar a conformidade e a legalidade do processo eleitoral” de 2022.

Freire Gomes e Baptista Junior teriam se mostrado contrários à minuta do decreto, que impediria a posse do governo eleito. Já o ex-comandante da Marinha, Almirante Garnier não se manifestou sobre o documento exposto.

Indagado sobre a atitude de Paulo Sérgio diante da negativa de Baptista e do próprio Freire, o ex-comandante do Exército declarou que o ministro cearense não questionou o posicionamento da dupla.

Paulo Sérgio em silêncio em seu depoimento

Em depoimento no último dia 22 de fevereiro, Paulo Sérgio Nogueira preferiu ficar em silêncio.

"Cientificado que, caso tenha envolvimento com os fatos criminosos investigados, tem o direito de permanecer em silêncio, de não produzir provas contra si mesmo e de ser assistido por um advogado. Respondeu que se reserva ao direito constitucional de se manter em silencio", diz o documento do depoimento do ex-ministro.

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