Glêdson diz que operação é "politicagem" com objetivo de desgastá-lo antes da eleição
A casa do prefeito de Juazeiro do Norte foi um dos alvos da operação deflagrada pelo MPCE nesta quarta para investigar corrupção e fraudes em licitações. Uma secretária foi afastada.
17:15 | Mar. 13, 2024
O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), classificou a operação realizada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) nesta quarta-feira, 13, como "politicagem". Em entrevista coletiva nesta manhã, Bezerra afirmou que nomes políticos ligados à oposição teriam conhecimento sobre uma operação policial para "manchar" a imagem dele diante das eleições deste ano.
Glêdson argumentou que teria recebido uma visita da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), órgão do MPCE, durante o mês de junho, quando foram disponibilizados documentos referentes à licitação da empresa responsável pelo serviço de limpeza pública da cidade. Depois disso, o gestor afirma que solicitou audiência com a diretoria do órgão para denunciar interesses políticos que estariam envolvidos no processo.
"Na época, eu afirmei que estava com receio de ser vítima de ‘politicagem’. Nós entregamos prints de grupos de Whatsapp em que pessoas, ligadas à política e opositores, estavam dizendo que, em Juazeiro do Norte, o prefeito Glêdson seria vítima de uma operação policial com a finalidade de desgastar minha imagem", disse Bezerra.
Leia mais
-
Casa de Glêdson, prefeito de Juazeiro, é alvo de buscas em operação do MPCE com Polícia
-
Prefeito de Juazeiro do Norte pode juntar Ciro Gomes e Capitão Wagner em mesmo palanque
-
Juazeiro: Fernando Santana definirá em março se concorre a prefeito e já faz proposta
-
Guimarães confirma que Fernando Santana será candidato a prefeito de Juazeiro do Norte
Durante a coletiva, Glêdson foi questionado se a operação seria uma "pá de cal" nas relações institucionais com o Governo do Estado e com o grupo político ligado ao governador Elmano de Freitas (PT). O gestor negou uma ruptura nas relações, mas defendeu que representantes eleitos não deveriam agir com interesses pessoais.
"A relação institucional não pode deixar de existir nunca. Quem está aqui não é o Glêdson, nem o político. É o prefeito da cidade de Juazeiro. De outra banda, quem está lá é o governador do Estado do Ceará e todo seu secretariado. Representantes eleitos que não manifestam, ou não deveriam manifestar suas intenções particulares", disse Glêdson.
Secretária é afastada
A secretária de Meio Ambiente e Serviços Públicos de Juazeiro do Norte, Genilda Ribeiro, foi afastada do cargo por 180 dias na operação “Nullum Pactum", deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). O órgão investiga um suposto caso de corrupção e fraude em licitações que envolve a empresa responsável pela limpeza pública da cidade, a MM Locações e Serviços.
Além da secretária, foram alvos da operação o prefeito de Juazeiro do Norte, Gledson Bezerra (PODEMOS), o ex-secretário titular da pasta, Diogo Machado, e três empresários, dentre eles Gilmar Bender, maior apoiador financeiro do prefeito durante a campanha eleitoral. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Juazeiro do Norte, Aquiraz e Tejuçuoca. Um dos mandados foi cumprido na residência do prefeito.
Segundo a investigação da Procap, um dos empresários investigados teria sido doador da campanha de Glêdson em 2020 e, após a vitória eleitoral, teria sido entregue a ele a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos. Conforme o MPCE, ele indicou o genro como secretário. Em seguida, uma funcionária da empresa dele.
Valendo-se da secretaria, o empresário teria executado um dos contratos municipais com maior valor envolvido, da limpeza urbana. De acordo com o MPCE, a investigação encontrou indícios de contratos fraudulentos, que violariam a competitividade da licitação.
Os investigados podem responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, falsidade ideológica e associação criminosa. Na operação, foram apreendidos aparelhos celulares e documentos. O termo “Nullum Pactum”, que dá nome à operação, é de origem latina e se refere a um acordo de vontades sem que tenha um suporte legal, ou seja, um acordo que não possui os requisitos necessários para ser considerando válido.