Estado conversa com família de Castello Branco para retirar restos mortais do mausoléu
A estrutura arquitetônica não sofrerá alteração. Haverá apenas a retirada das urnas mortuárias
17:00 | Mar. 13, 2024
O Mausoléu construído para abrigar os restos mortais do ex-presidente Castello Branco é objeto de polêmica quase 60 anos após a morte do primeiro presidente militar do período da ditadura (1964-1985). Situado numa parte do complexo arquitetônico do Palácio da Abolição (sede do governo do Ceará), o monumento voltou a pauta recentemente, na gestão do governador Elmano de Freitas (PT).
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Elmano manifestou publicamente a intenção de retirada do monumento, que serve de abrigo aos restos mortais do ditador, do terreno do Abolição, o que abriu uma série de divergências e críticas acerca do tema. A intenção é transformar o espaço num memorial aos abolicionistas do Ceará. No entanto, a estrutura do espaço será preservada, sem sofrer grandes alterações na arquitetura.
"A decisão está tomada. A Secretaria da Cultura (Secult), junto à Secretaria de Direitos Humanos, tem a missão de garantir que no Palácio da Abolição não ficará mais o Mausoléu de quem apoiou a ditadura", disse Elmano no ano passado, durante cerimônia que homenageou os 44 anos da Lei da Anistia. Como a estrutura reverencia o militar e ex-presidente do início do período ditatorial, a atual gestão publicizou a iniciativa de mudanças no local.
O ditador
Humberto de Alencar Castello Branco foi presidente no início da ditadura militar no Brasil, entre os anos de 1964 a 1967. Anos depois da sua morte (julho de 1967) o então governador cearense Plácido Castelo decidiu incluir a estrutura no conjunto de edificações do Palácio da Abolição, como homenagem a Castello, que era natural de Fortaleza.
Em 2006, o Mausoléu foi restaurado. De acordo com o atual governador, a decisão de mudanças “honra a história daqueles que lutaram e dedicaram suas vidas pela democracia, pelo bem e dever do povo cearense”.
Conversas com a família
A Secult informou ao O POVO que está em processo de diálogo com familiares para dar andamento às tratativas para retirar do Mausoléu Castello Branco as urnas mortuárias do ex-presidente e da ex-primeira-dama Argentina Vianna Castello Branco.
“Por meio da Secretaria da Cultura do Ceará e da Casa Militar, foi estabelecido contato com a família para tratativas sobre as urnas mortuárias. Assim que findadas as tratativas, o Governo do Ceará deverá fazer o anúncio do projeto que será implementado”, destacou.
A Secult reforçou ainda que a estrutura arquitetônica permanecerá no local e que o diálogo é apenas sobre a retirada das urnas mortuárias. O reforço na informação é para evitar eventuais confusões de interpretação que possam surgir sobre mudanças na estrutura do local, o que não ocorreu e nem está previsto nas articulações que estão em andamento.
Filme
O POVO lança, no próximo dia 18 o documentário "Castello, o ditador". A obra conta como o cearense, tido como moderado, foi responsável por instalar a ditadura militar no Brasil e possibilitar a continuidade do regime por mais de duas décadas.
No ano em que o golpe militar completa 60 anos, o filme traz de volta a memória da ditadura e mostra como Castello Branco influenciou o destino do país e a vida de cearenses que resistiram ao regime.