Genoino critica líderes e inclui Guimarães; irmão rebate: 'Líder não tem de disputar'
Para Genoíno, líderes do PT têm de induzir a "elevação da temperatura" no sentido de mais combatividade e menos concessão nas tratativas entre Executivo e LegislativoEx-presidente nacional do PT, José Genoino (PT) criticou os parlamentares do PT que exercem função de liderança no Congresso Nacional, inclusive o irmão dele, José Guimarães (PT), assim como o novo líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Odair Cunha (PT-MG), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo Lula no Senado Federal. A função do senador Fabiano Contarato (PT-ES), de líder da bancada do PT no Senado, não foi mencionada pelo militante.
Genoino entende que a conduta de ampla coalizão comum aos governos federais não pode se estabelecer sobre bases acríticas e desligadas das plataformas de uma gestão de esquerda que, em 2022, elegeu-se ao lado de um arco amplo de forças que alcançam o centro e até mesmo a centro-direita.
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Ele foi indagado sobre a entrevista de Odair ao O Globo segundo a qual Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e expoente do chamado "centrão", não atrapalha o governo Lula. "Ele é aliado do governo. Não atrapalha em nada os interesses e a aprovação dos projetos centrais", disse o líder petista.
"Eu divirjo, Mauro, tanto da liderança da bancada, do Odair, como divirjo da liderança do governo na Câmara e no Senado. Esses líderes estão fazendo uma disputa rebaixada, de baixa intensidade. Nós temos de elevar a temperatura. Porque a força do Lula, a base que o Lula tem exigiria que a gente fosse mais combativo, mais ousado, é minha postura crítica a essas lideranças no Congresso Nacional", disse Genoino ao programa Fórum Café, apresentado pelo jornalista Mauro Lopes.
Nas palavras do ex-deputado federal, a relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) tem de se dar em "outros parâmetros". "Lula deveria, no ano de 2024, fazer uma sinalização de polarização, de enfrentamento, mas ele está fortalecendo a ideia da ampla negociação e conciliação."
Ao O POVO, na tarde deste domingo, Guimarães respondeu que papel de líder de governo não é travar disputa. "A liderança do governo dá resultados, aprova os projetos de interesse da reconstrução do Brasil. Esse é meu papel na Câmara: aprovar as matérias de interesse do governo. E eu tenho aprovado todas. Disputa política quem faz é o PT. Eu penso que a minha responsabilidade... Penso não, eu faço aquilo que é necessário para o Brasil e para o governo do presidente Lula".
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Genoino e Guimarães nasceram em Quixeramobim, precisamente no distrito de Encantado. Ambos são lideranças de peso nacional, embora, atualmente, o relevo de Genoino seja mais simbólico e histórico do que prático. A trajetória do irmão mais velho é vinculada a São Paulo, estado do qual tentou ser governador, em 2002, com derrota para o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, então no PSDB.
O eleitor de São Paulo deu ao cearense cinco mandatos na Câmara dos Deputados: 1982, sendo reeleito sucessivamente em 1986, 1990, 1994 e 1998. Guimarães não só é o principal estrategista do PT cearense como um dos principais articuladores do petismo no plano nacional. Está no quinto mandato consecutivo, após reeleição em 2022.
Guimarães é um dos petistas mais próximos a Lira na Câmara dos Deputados. As críticas de Lira à articulação política do governo Lula, conduzida principalmente por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, geralmente vêm seguidas de elogios a José Guimarães.
Odair Cunha, por sinal, comentou ao O Globo a animosidade entre Lira e Padilha com citação a Guimarães: "Nós temos o (José) Guimarães, líder do governo na Casa, que tem diálogo diário com o Lira."