Litígio: pesquisa aponta que 87,5% dos entrevistados escolheriam pertencer ao Ceará; veja números

A pesquisa, divulgada na última terça-feira, 20, traçou um raio-x de equipamentos e estruturas administradas pelo governo do Ceará na área em disputa e ouviu moradores da região que engloba 13 municípios do Ceará

Pesquisa socioeconômica envolvendo a área de litígio entre Ceará e Piauí, que disputam judicialmente no Supremo Tribunal Federal (STF) um território que perpassa por 13 municípios cearenses, mostrou que 87,5% dos entrevistados prefeririam pertencer ao Ceará, caso fosse necessário escolher entre os dois estados. Os outros 12,5% optaria por pertencer ao Piauí.

ENTENDA O ASSUNTO | O que é litígio e como a disputa afeta o Ceará e o Piauí

Preferência dos moradores

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A pesquisa também mostrou que a maioria dos moradores entrevistados vive nas localidades há mais de 30 anos (50,1%). Outros 17,5% vivem nas localidades num recorte de tempo de 20 a 30 anos, o que mostra que os moradores estão no local há bastante tempo.

O levantamento reforçou ainda o alto nível de conhecimento sobre o tema, com ampla maioria dos entrevistados afirmando ter consciência da disputa pelo território envolvendo o Ceará e o Piauí.

Tempo que vivem nas localidades e conhecimento sobre o litígio

Outros dados mostram que a maioria dos moradores desses municípios buscam serviços públicos, como atendimento de saúde e segurança, em locais vinculados e administrados pelo Estado do Ceará.

96,9% dos entrevistados disseram que, quando há ocorrência criminal, recorrem a postos de segurança ligados ao Ceará. 76% relataram que busca atendimento de saúde apenas no Ceará.

Procura por Serviços Públicos

 

Outros números de indicadores que desempenham papel relevante na vida das pessoas, como serviços de água e energia elétrica, tem maioria dos entrevistados apontando vínculo com o Ceará. A distribuidora de energia elétrica que atende 95,9% dos entrevistados é vinculada ao Ceará (Enel), enquanto 4,1% das pessoas são atendida por distribuidora que opera no Piauí (Equatorial). No tocante aos serviços de abastecimento de água 96,6% dos entrevistados disse ser atendido pelo Ceará e 3,4% pelo Piauí.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa passou por 417 domicílios (amostra global) alocados de maneira proporcional ao número de domicílios por município e localidades visitadas. A seleção para as entrevistas de campo foi realizada através de sorteio, utilizando amostragem sistemática, garantindo espalhamento geográfico.

O levantamento ocorreu entre os dias 24 de abril e 7 de maio de 2023, na região do Sertão dos Crateús, e entre os dias 19 e 30 de junho de 2023 na região da Serra da Ibiapaba.

O método para a coleta de dados foi o de entrevista pessoal, conduzida por profissionais treinados especialmente para aplicação do questionário desenvolvido com exclusividade para esse trabalho. A duração da aplicação foi em torno de quatro minutos, sendo entrevistada somente uma pessoa por domicílio.

Senso de pertencimento

Para além das questões geográficas e cartográficas, o GT argumenta ser essencial considerar aspectos sociais, culturais e o sentimento de pertencimento da população local. A intenção do governo do Ceará é levar essa dimensão humana às discussões que tramitam atualmente no STF.

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A professora Eliane Tabajara, docente que atua na Escola indígena Jardim das Oliveiras, em Poranga (parte da área do litígio), destacou o senso de pertencimento ao território cearense. “Nós pertencemos ao estado do Ceará. O Ceará em nenhum momento nos abandonou por ser uma área de litígio. Nós temos escolas, políticas públicas executadas em nossa área. Nós nascemos e nos criamos com esse sentimento de dizer que pertencemos ao Ceará”, pontuou.

A líder quilombola da zona rural de Croatá, Antoniza Mateus, ressalta as raízes cearenses. “A minha comunidade hoje vive na sexta geração. Nunca ouvi dos nossos ancestrais que nossa comunidade fosse do Piauí, sempre pertencemos ao Ceará. Em nossa comunidade, temos a primeira escola quilombola da rede pública de ensino do Ceará. Sempre fomos e vamos ser cearenses”. O relatório mostrou que cinco assentamentos rurais e quilombolas estão na área de litígio.


Raio-X da situação Administrativa da área de Litígio CE/PI

  1. N° de distritos - 4
  2. N° de localidades - 136 mapeadas para o Ceará
  3. N° de escolas - 48 da rede municipal e estadual
  4. N° de unidades de saúde - 14 unidades da rede estadual e municipal
  5. N° de locais de votação - 15 locais do Ceará cadastrados no TRE
  6. Estradas (km) - 589,3 km
  7. Infraestrutura de energia elétrica - 7.105 (6443 postes, 428 transformadores, 1 subestação, 1 banco capacitor, 232 dispositivos de manobra)
  8. Rede de Energia elétrica (km) - 775,6 km (7,4km de alta tensão; 478,1km de média tensão; 111,2km de baixa tensão; 178,9km de ramais de ligação
  9. Torres eólicas - 291 licenciadas para o Ceará
  10. Unidade de Conservação ambiental estadual - 2
  11. Unidade de Conservação ambiental federal - 1
  12. N° de Poços/Chafarizes - 174
  13. N° de Assentamentos rurais e quilombolas - 5
  14. N° de terras indígenas - 4
  15. N° de imóveis certificados pelo INCRA - 114
  16. Sítios arqueológicos - 18
  17. Estabelecimentos religiosos - 28

Fonte: Ipece

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