Hamas agradece a Lula por equiparar ação de Israel com o Holocausto

Comunicado foi emitido em rede social. Primeiro-ministro israelense e Confederação Israelita do Brasil criticaram declaração do presidente Lula

16:01 | Fev. 19, 2024

Por: Thays Maria Salles
Esta imagem divulgada pelo exército israelense em 29 de janeiro de 2024 mostra soldados israelenses operando em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em meio a batalhas contínuas entre Israel e o grupo militante palestino Hamas. (foto: Exército Israelense/AFP)

Hamas, grupo terrorista em conflito com Israel, agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela declaração em que comparou as operações militares na Faixa de Gaza ao Holocausto. O comunicado foi feito na rede social Telegram nesse domingo, 18.

“Nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) agradecemos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, que descreveu aquilo a que nosso povo palestino está exposto na Faixa de Gaza como um Holocausto. A ação dos sionistas hoje em Gaza é a mesma que Hitler fez contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial”, consta em trecho da nota.

Mais informações ao vivo:

Além disso, o Hamas classificou como "precisa" a fala do chefe do Executivo brasileiro. Ainda na nota, o grupo afirmou que a declaração "revela a enormidade do crime sionista cometido com cobertura e apoio aberto pela administração americana liderada pelo presidente Biden".

A fala de Lula foi feita durante entrevista no hotel em que está hospedado na capital da Etiópia, Adis Abeba, em sua primeira agenda internacional de 2024. Na ocasião, o presidente criticou Israel e comparou as ações em Gaza ao genocídio promovido por Adolf Hitler.

“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o petista.

Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou como "vergonhosas" e "graves" as falas do presidente brasileiro. Segundo ele, as declarações "banalizam" o Holocausto e tentam "prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”.

Já a Confederação Israelita do Brasil (Conib) emitiu nota repudiando as aspas de Lula, considerando-as uma "distorção perversa" da realidade". Além disso, afirmou que ofendem a “memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.

Confira nota do Hamas na íntegra:

“Nós do Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) apreciamos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, que descreveu o que nosso povo palestino está sendo submetido na Faixa de Gaza como um Holocausto e o que os sionistas estão fazendo hoje em Gaza é o mesmo que o nazista Hitler fez com os judeus durante a 2ª Guerra Mundial.

“Essa declaração vem no contexto de uma descrição precisa daquilo a que nosso povo está exposto e revela a grandeza do crime sionista cometido com cobertura e apoio aberto do governo norte-americano liderado pelo presidente Biden.

“Pedimos à Corte Internacional de Justiça que considere a declaração do presidente brasileiro sobre as violações e atrocidades que nosso povo palestino está sofrendo nas mãos do Exército de ocupação criminoso e de seus colonos terroristas, que nunca foram testemunhadas na história moderna".

Confira nota da Conib na íntegra:

"A CONIB repudia as declarações infundadas do presidente Lula comparando o Holocausto à ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu.

Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes.

O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A CONIB pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país".

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