Lula levanta hipótese sobre fuga em presídio de Mossoró: 'Parece que teve conivência'

Presidente destaca que o ministro da Justiça já determinou apurar se houve participação de alguém que trabalha no local

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levantou a hipótese, acerca da fuga dos dois detentos, de uma possível conivência de alguém dentro do sistema com os dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró.

A declaração foi feita neste domingo, 18, durante a coletiva de imprensa em Adis Abeba, capital da Etiópia, na 37ª Cúpula da União Africana.

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Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram os primeiros detentos a escapar de um presídio federal brasileiro, considerados de segurança máxima. A fuga foi registrada na última quarta-feira, 14.

“Eu não quero acusar, mas, teoricamente, parece que teve a conivência com alguém do sistema lá dentro. Como eu não posso acusar ninguém, eu sou obrigado a acreditar que uma investigação [que] está sendo feita pela polícia local, pela Polícia Federal, nos indique, amanhã ou depois de amanhã, o que aconteceu no presídio de Mossoró”.

Lula também destacou que Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, já determinou a apuração sobre a possibilidade de participação de alguém que trabalhava no presídio.

O presidente afirmou esperar que os presos sejam capturados.

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Federação de policiais penais lança nota sobre hipóteses

Em uma carta aberta publicada no último sábado, 17, a Federação Nacional de Policiais Penais (FenaPPF) afirma que os fugitivos não tiveram apoio externo.

“Não havia logística externa, eles não possuíam veículo para fuga, celulares, casa de apoio nem rota de fuga, o que nos leva a acreditar que não houve planejamento prévio e sim uma oportunidade que foi aproveitada e infelizmente obtiveram o êxito”, informa a carta.

Após detalhar as funções dos policiais penais federais nas prisões de segurança máxima, a carta critica que a classe esteja sendo responsabilizada pela fuga e acusada, "direta ou indiretamente, de corrupção por algumas pessoas públicas e formadoras de opinião de forma totalmente irresponsável, pois as investigações ainda estão em curso".

Professor que deu aulas na unidade prisional detalha sistema de segurança

O professor Francisco Augusto Cruz de Araujo, do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN/UAB), deu aulas por dois anos na Penitenciária Federal em Mossoró.

No último sábado, 17, Francisco detalhou a experiência profissional dentro do presídio e o sistema de segurança adotado para entrar na unidade.

O professor explica que, antes de ir ao presídio, é necessário que os documentos pessoais sejam enviados para a inteligência em Brasília.

“Colocam nossa vida de cabeça para baixo. Fazem uma investigação profunda. Só entra quem tem alto nível de confiança. Se não mandou documentos antecipadamente, não entra”, escreveu no X, antigo Twitter.

Acerca da vestimenta, Augusto explica que as roupas não podem conter nada de alumínio nem possuir botão. “Nada de jeans. Só calça de academia, tênis apenas de pano e borracha. Cada profissional usa roupa de uma cor para ser identificado pelas câmeras.”

Todo o material de estudo tem que ser impresso, com folhas numeradas e páginas coladas.

“Os presos usam o tubinho interno de tinta da caneta bic para escrever. Ele [o preso] recebe o tubinho de manhã, é recolhido a tardezinha [sic]”, detalhou.

Já nas celas, é permitido apenas colchão, livro e roupa. Ele  também afirmou que os detentos ficam em ambientes individuais e saem 2 horas por dia para um pátio. “Os mais perigosos ficam em regime diferenciado: não saem para nada.”

Augusto ressalta que durante os 2 anos nunca presenciou presos próximos a obras nem prestadores de serviços próximos às celas.

Por fim, o professor destacou que as Penitenciárias Federais brasileiras são referência e que o caso deve ser apurado com rigor e “sem populismo penal”.

Fuga dos dois presos: o que se sabe até agora?

Na manhã deste domingo, 18, o ministro Lewandowski desembarcou em Mossoró para acompanhar as buscas pelos dois presos.

No breve pronunciamento, Lewandowski disse que o episódio “não afeta em hipótese nenhuma a segurança das cinco unidades”.

Na última sexta-feira, 16, os homens teriam invadido uma casa e feito uma família de refém. A residência está localizada em uma unidade de área rural próximo ao presídio de segurança máxima.

Os dois homens estavam de boné e um deles usava uma calça azul-claro com número, como a vestimenta utilizada no presídio.

O relatório com depoimento da vítima também aponta que os fugitivos teriam mandado abrir as redes sociais e a televisão para a ver as notícias sobre a fuga, de acordo com a CNN.

A operação para capturá-los mobiliza cerca de 300 agentes federais, drones e três helicópteros.

As forças de segurança do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí participam das operações integradas.

A forma como os dois presos escaparam está sendo investigada. Um buraco foi encontrado em uma parede, e a suspeita é de que eles tenham usado ferramentas destinadas a uma obra interna.

Fugitivos ligaram para o Rio e perguntaram como chegar ao Ceará, diz refém

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