Governo Lula dispensa da Secom diplomata que participou de reunião golpista de Bolsonaro

Comarci Eduardo Moreaux Nunes Filho era um dos três servidores do Ministério das Relações Exteriores presentes na reunião

O Palácio do Planalto dispensou um diplomata que trabalhava na Secretaria de Comunicação Social (Secom) após identificar que ele esteve na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) conclamou seus ministros e secretários a agirem contra o sistema eleitoral do País. A reunião é peça-chave na investigação da Polícia Federal (PF) que apura tentativa de golpe de Estado e ruptura do Estado Democrático de Direito.

Comarci Eduardo Moreaux Nunes Filho era um dos três servidores do Ministério das Relações Exteriores presentes na reunião. À época, ele era assessor técnico da Secretaria-Geral da pasta e acompanhava Fernando Simas Magalhães, titular da Secretaria-Geral e representante do então chanceler Carlos França no encontro. Também estava na reunião o embaixador André Chermont de Lima, que ocupava a chefia do cerimonial da Presidência.

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Procurada, a Secom afirmou que Nunes Filho foi convidado em dezembro de 2023 para integrar uma equipe que atua na produção de material relativo ao G20, o encontro das maiores economias do mundo. Ele chegou a participar de reuniões do atual governo e estava em um período de transição para ser oficialmente designado na equipe, com nomeação no Diário Oficial da União (DOU). Em dezembro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco.

Em nota, o órgão disse que o diplomata "estava tomando par das atividades que iria exercer e, por isso, chegou a participar de algumas reuniões". A transição, no entanto, foi suspensa. "Diante de novas informações", segundo a pasta, o processo da integração de Nunes Filho foi interrompido.

Diplomatas seguem em suas atribuições

Com a dispensa, o diplomata deve retornar ao setor de imprensa do Itamaraty. Os outros diplomatas que estavam na reunião seguem em suas atribuições no ministério. Simas Magalhães é embaixador do Brasil em Haia, nos Países Baixos, e Chermont de Lima foi designado como cônsul-geral do País em Tóquio, no Japão.

Tanto Simas Magalhães quanto Chermont de Lima foram nomeados para os respectivos cargos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reportagem tentou contato com Comarci Nunes Filho, mas não obteve retorno.

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