Citado em delação por Mauro Cid, dono do Coco Bambu nega reunião com Bolsonaro em 2022

"Afranio Barreira reforça sua defesa ao processo eleitoral do Brasil e de todas suas instituições, reconhecendo de forma plena os resultados das urnas de 2022", diz nota enviada ao O POVO

14:03 | Fev. 15, 2024

Por: Carlos Holanda
AFRÂNIO esteve com Bolsonaro em almoço no Palácio do Planalto em 2020 (foto: Divulgação)

Dono da rede de restaurantes Coco Bambu, o empresário cearense Afrânio Barreira Filho enviou, por meio de um emissário, nota ao O POVO segundo a qual esteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) uma única vez, em 2020, durante um almoço que não teria tido conotação política, administrativa ou econômica. Barreira foi citado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como um dos incentivadores do levante golpista que tinha por objetivo a permanência do ex-presidente no Poder. Ao lado do cearense, em visita a Bolsonaro, teriam estado os empresários Luciano Hang, das lojas Havan, e Meyer Nigri, da Tecnisa, conforme o relato de Mauro Cid.

Afrânio reforça que nunca esteve com Mauro Cid e nunca falou com ele, nem por telefone. As informações as quais O POVO teve acesso sobre as menções a Mauro Cid não apontam se o tenente-coronel teria estado ou não com ele. Dizem respeito ao fato de que, como ajudante de ordens do ex-presidente, ele informava que o grupo de empresários teria estado com o presidente. O que Afrânio, na data em questão, também nega. 

"O Sr. Afranio reforça, ainda, que somente esteve ou falou com o ex-presidente Jair Bolsonaro uma única vez, em agosto de 2020, em um almoço que fez parte da agenda oficial do então presidente e que contou com a participação de várias outras autoridades, tal almoço não tinha qualquer pauta política, administrativa ou econômica. Desde então não falou ou esteve com o Sr. Jair Bolsonaro e/ou seus filhos, nem sequer tinha seu número telefônico; O Sr. Afranio apenas tomou conhecimento desse seu falso envolvimento através de contatos feito pela mídia na data de hoje", afirma o comunicado.

"Cabe destacar que desde 06 agosto de 2022 o Sr. Afranio esteve fora do Brasil, participando, com sua esposa, de uma intercâmbio cultural previamente agendado, no qual atendeu a cursos pessoais de inglês e culinária nos Estados Unidos, ou estava em viagem familiar na Europa, com os filhos e os netos. Assim, regressou ao Brasil em 01 de abril de 2023, fato este que pode ser facilmente comprovado pelo controle de fronteiras da Polícia Federal do Brasil", complementa.

"Nesse período em que esteve em viagem pessoal, reforça, não falou ou esteve com o Sr. Jair Bolsonaro, ou qualquer outro membro do governo. Por fim, o Sr. Afranio Barreira reforça sua defesa ao processo eleitoral do Brasil e de todas suas instituições, reconhecendo de forma plena os resultados das urnas de 2022.”

Em 2022, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços de oito empresários brasileiros, entre os quais Afrânio Barreira. A medida judicial tinha como objetivo averiguar supostas mensagens de teor golpista compartilhadas em um grupo de WhatsApp. A determinação de Moraes também envolvia bloqueio de contas bancárias.

À época, Barreira disse nunca ter apoiado medidas de teor antidemocrático. “Valorizo e sempre defenderei um processo eleitoral honesto e justo. A autonomia e separação de cada um dos três poderes é essencial para construção de uma sociedade com liberdade. Apoio e defendo que as instituições que representam cada um dos poderes sejam fortes e íntegras, atuando sempre, cada uma delas, dentro das regras da nossa Constituição Federal de 88”, afirmou.

O almoço com o ex-presidente em Brasília foi noticiado pelo colunista do O POVO, Clóvis Holanda. Afrânio e Daniela Barreira estiveram acompanhados com outros sócios: Eilson Studart com Márcia; Daniell Cherab e Rebeca; Igor Fernandes com Paloma e Beto Pinheiro com Natali.

Atualizada em 16/2, às 10h40min