Quem são os "kids pretos", grupo que seria responsável pela prisão de Moraes em caso de golpe

O grupo foi citado em conversas entre aliados de Bolsonaro e seriam usados para prender Alexandre de Moraes

16:39 | Fev. 10, 2024

Por: Júlia Duarte
Os chamados "Kids pretos" recebem o nome por usarem chapéus pretos em operações (foto: Reprodução/Exército Brasileiro)

O termo "kids pretos" aparece na decisão do ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou operação da Polícia Federal (PF) que mirou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por, conforme as investigações, articularem um golpe de Estado. A menção é um apelido informal de militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, em referência de usarem boinas pretas durante as atividades.

Com sede em Goiânia-GO, o grupo é subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP), estando vinculado para fins de preparo e emprego ao Comando de Operações Terrestres (COTER). Suas Organizações Militares orgânicas integram a Força de Ação Rápida Estratégica e apoiam as operações de todos os Comandos Militares de Área do Exército Brasileiro. Segundo a instituição, o grupo tem um efetivo de cerca de 2,5 mil militares, com a possibilidade atuarem em todo o território brasileiro.

Conforme apuração da PF, o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, então assistente do comandante Militar do Sul, teve participação ativa na organização de uma reunião em 2022, com a presença dos oficiais, com formação em forças especiais, assistentes dos generais supostamente aliados na execução do golpe.

Os diálogos encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid,  demonstram que Correa Neto intermediou o convite para reunião e selecionou apenas os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), o que demonstra "planejamento minucioso" para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, operações do grupo.

Eles seriam usados na missão de efetuar a prisão justamente do ministro Alexandre de Moraes, que assina a decisão que autorizou a Operação Tempus Veritatis, assim que um decreto presidencial fosse assinado. Conforme reportagem da Revista Piauí, os militares das Forças Especiais recebem treinamento qualificado em ações de sabotagem e de incentivo à insurgência popular. A atuação dos kids pretos engloba ataques a pontos sensíveis da infraestrutura, como torres de transmissão elétrica, pontes e aeroportos. 

Na quinta-feira, 8, aliados de Bolsonaro foram alvos de mandatos de busca e apreensão e alguns chegaram a serem presos. A Polícia Federal para investiga uma suposta organização criminosa cuja atuação teria resultado na tentativa malsucedida de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023.