Carlos, Ramagem e Jordy: confira as investigações da PF contra aliados de Bolsonaro

Filho do ex-presidente foi alvo, em janeiro, de operação da Polícia Federal

Antes mesmo que a Polícia Federal emitisse e cumprisse mandado de busca e apreensão contra Jair Bolsonaro (PL), na manhã desta quinta-feira, 8, o ex-presidente já estava na iminência de uma investigação. Apenas do início de janeiro para cá, diversos de seus aliados foram alvos de operações da PF, dentre eles, o próprio filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), nome próximo do núcleo bolsonarista.

O ex-presidente teve sua residência em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, visitada pelos policiais federais nesta quinta, no âmbito da operação Tempus Veritatis. Na ocasião, os policiais apreenderam o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Tomaz, mas não encontraram o passaporte de Bolsonaro. Horas depois, o documento foi entregue às autoridades. 

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Na lista dos alvos, nomes de grandes aliados do ex-presidente como Valdemar Costa Neto, presidente do PL; Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), entre outros militares. Ao todo, são 33 mandados de busca e apreensão em nove estados (incluindo o Ceará) mais o Distrito Federal.

A acusação é de que o grupo tentou viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”. O ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência Filipe Martins e o ex-ajudante de ordens coronel Marcelo Câmara foram presos.

Veja quem foram os alvos da operação desta quinta

Valdemar Costa Neto

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi um dos alvos de busca e apreensão da operação, mas acabou preso por porte ilegal de arma, além de ter sido encontrado com ele uma pepita de ouro. 

O ex-deputado federal já estava na mira da PF por, supostamente, ter usado dinheiro do partido para reforçar a falsa narrativa de fraude nas urnas, consequentemente, legitimando as manifestações bolsonaristas. Em 2022, o PL foi condenado a pagar multa por "litigância de má-fé", após a tentativa de anular os votos de urnas eletrônicas, sob a justificativa de que houve "mau funcionamento" do sistema.

Walter Souza Braga Netto

Candidato a vice de Bolsonaro em 2022, ele foi um dos alvos de busca e apreensão. Ele foi comandante da intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro antes de entrar no Governo Bolsonaro onde foi ministro da Casa Civil e da Defesa.

A PF acredita que ele liderou uma campanha de pressão a oficiais das Forças Armadas que rejeitaram aderir ao plano golpista articulado pelo ex-presidente por seus aliados mais próximos para continuar no poder mesmo após uma eventual derrota nas eleições de 2022.Ele chega a xingar, em diálogo em dezembro de 2022, alguns dos oficiais que se dificultaram ou se recusaram a participar da trama. 

General Augusto Heleno

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Heleno é mais um dos militares do "núcleo duro" do Governo Bolsonaro que atuou para um possível golpe, conforme a PF. Ele incitou para que órgãos de Estado vinculados ao Governo Federal atuassem para assegurar a vitória do então presidente Bolsonaro. 

Em reunião com outros ministros, o militar afirmou que era preciso “virar a mesa é antes das eleições”. o general, nome de confiança dentro do núcleo bolsonarista, diz, em uma reunião interna do Governo, que era preciso infiltrar agentes da Abin nas campanhas eleitorais.

Anderson Torres

Ainda em janeiro do ano passado, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi a alvo de operação da PF. No dia 12 de janeiro, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres uma minuta de decreto golpista destinada a Bolsonaro. O documento previa instaurar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e solicitava a revisão do resultado das eleições de 2022.

O nome do ex-presidente Bolsonaro aparece no final do texto, que não estava assinado. A minuta foi encontrada como parte das investigações sobre o papel de Torres na invasão às sedes dos três Poderes. Ele cumpriu prisão preventiva em Brasília. 

General Paulo Sérgio Nogueira

O general que é ex-comandante do Exército, foi ex-ministro da Defesa e é cearense de Iguatu. Ele afirmou em reunião ministerial realizada em julho de 2022 que usou as Forças Armadas para questionar a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e garantir a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Segundo a Polícia Federal, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira manipulou relatório técnico das Forças Armadas sobre o sistema eletrônico de votação, "postergando-se a sua divulgação em vista de não terem sido identificadas vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação."

Almirante Almir Garnier Santos

O ex-comandante-geral da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, foi outro cabeçadas Forças Armadas que foi alvo da operação. Ele foi citado na delação de Mauro Cid como o único chefe de uma Força se disponibilizar e apoiar o plano golpista de manter Bolsonaro no poder. Ele chegou a disser que sua tropa estava pronta para atender a um chamamento do então presidente. 

General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira

Ele é ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército e do Comando Militar da Amazônia e do Coter. O militar da reserva teria papel em um possível golpe, como aponta a PF. Diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Bernardo Romão Correa Neto, que está nos Estados Unidos e é alvo de pedido de prisão preventiva, mostram que o general Estevam Theóphilo teria concordado em ir adiante com medidas que resultariam no golpe de Estado, desde que Bolsonaro assinasse a minuta que avalizasse a empreitada.

Conforme os diálogos vistos no celular de Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, ele teria aderido ao projeto golpista. O Comando de Operações Especiais (COpESP) seria arregimentado e liderado por Estevam Theóphilo para efetuar a prisão do ministro Alexandre de Moraes assim que a minuta fosse assinada

Tércio Arnaud Thomaz

Ex-assessor de Bolsonaro, ele também disse grandes acessos no núcleo do ex-presidente. Ele foi considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”. Ele foi descoberto por Carlos Bolsonaro, filho do ex-mandatário, após a página “Bolsonaro Opressor” no Facebook ganhar visibilidade. Ele chegou a trabalhar como auxiliar de gabinete do vereador. 

Ele foi citado na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 do Senado Federal, suspeito de disseminar desinformação contra a vacinação em massa.

Filipe Martins

O ex-assessor especial de Bolsonaro também foi um dos alvos e preso na operação. Conforme a investigação, teria sido a pessoa a apresentar ao ex-presidente uma minuta de decreto para "executar um golpe de estado" e realizar novas eleições.O documento também decretava a prisão de diversas autoridades.

Ele teria destaque nas tratativas jurídicas mediando pessoas que poderiam redigir os documentos que atendessem aos interesses do grupo.  Ele foi outro a ser incluindo no inquérito das fakes news, do STF.  O Ministério Público Federal (MPF) também o denunciou por ter feito um gesto considerado alusivo a movimentos racistas de supremacia branca durante uma sessão no Senado no mesmo ano.

Marcelo Câmara

O outro ex-assessor preso foi o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele atuava atualmente segurança do ex-presidente contratado pelo PL.

Veja outros investigados

- major da reserva Ângelo Martins Denicoli;

- coronel reformado do Exército Aílton Gonçalves Moraes Barros;

- coronel Guilherme Marques Almeida;

- tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;

- tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros

- general Mário Fernandes;

- general de Brigada reformado Laércio Vergílio;

- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;

Veja quem já tinha sido alvo de operações

Carlos Jordy

Líder da oposição na Câmara dos Deputados, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foi alvo em 18 de janeiro de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal na 24ª fase da Operação Lesa Pátria, sobre os atos antidemocráticos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023.

O levante golpista por parte de apoiadores do ex-presidente, derrotado em 2022, acarretou na prisão de mais de 2 mil pessoas, das quais 66 ainda permanecem presas. As buscas na casa de Jordy foram pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Jordy negou relação com atos golpistas em entrevista coletiva concedida antes de prestar depoimento. Segundo a PGR, a apuração foi iniciada para averiguar bloqueios em estradas. Durante análise de dados adquiridos em e-mail ou fontes abertas, foi possível colher indícios de que Carlos Victor de Carvalho possui relação com o deputado.

Alexandre Ramagem

Em 25 de janeiro, o foco voltou-se para possíveis casos de espionagem ocorridos na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro. Na época, a Abin era comandada pelo diretor-geral, o hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

A suspeita é de que o órgão foi usado para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-mandatário. O foco seriam opositores políticos do então presidente, como os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro da Educação, Camilo Santana, dentre outros.

Carlos Bolsonaro

Na mesma esteira de investigações de irregularidades na Abin, o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi um dos alvos da Polícia Federal. Na manhã da segunda-feira, 29 de janeiro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do político e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Ele, assim como os demais investigados nesta ação da operação, teria sido um dos que receberam informações apuradas de forma ilegal pela Agência. Assessores ligados ao vereador também são investigados.

Denominada de “Vigilância Aproximada”, a operação da PF investiga casos de espionagem na Abin, durante a gestão do ex-diretor-geral, Alexandre Ramagem, no governo Bolsonaro.

Mauro Cid

A operação desta quinta-feira teve origem na delação premida do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência, que tinha acesso livre no Palácio do Planalto. Além de ter citado Braga Netto e Martins, Cid admitiu à PF sua participação em um esquema para adulterar o cartão de vacinação do ex-presidente e apontou Bolsonaro como o mandante da empreitada. Esse foi o motivo pelo qual foi preso no ano passado em operação da Polícia Federal.

Mauro Cid foi preso em 3 de maio, em uma operação da PF que investigava a inserção de dados falsos de vacinação da Covid-19 no sistema de saúde. Após ter o pedido de delação premiada homologado, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

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