Investigado pelo MPCE, Carlomano renuncia ao cargo de prefeito de Pacatuba
Ele afirma que tomou a decisão para garantir o seu "direito de ir e vir", podendo assim voltar a acessar espaços públicos e privados da cidade, como um "cidadão comum"
23:55 | Fev. 08, 2024
Carlomano Marques (MDB), prefeito afastado de Pacatuba, apresentou ao presidente da Câmara do município uma carta renunciando ao cargo. Alvo de investigações do Ministério Público do Ceará (MPCE), o politico anunciou a decisão nesta quinta-feira, 8, por meio de um vídeo nas redes sociais.
Na gravação, ele afirma que tomou a decisão para garantir o seu "direito de ir e vir", podendo assim voltar a acessar espaços públicos e privados da cidade, como um "cidadão comum". A carta também foi apresentada ao juiz de Direito da 1ª Vara de Pacatuba.
"Aí você vai dizer, 'como assim?'. É porque eu preciso da minha liberdade. Quer dizer, hoje, por motivos que me fogem à explicação, eu não posso ir, por exemplo, eu não posso frequentar uma escola da Pacatuba, eu não posso frequentar um posto de saúde ", disse durante o vídeo.
Carlomano, oito secretários, funcionários, ex-gestores e empresários foram presos em abril de 2023, durante a Operação Polímata. Eles foram acusados de fraude nas dispensas de licitação em secretarias e órgãos da Prefeitura, que teriam ocorrido no período de 2021 e 2022.
Na época, o MPCE identificou R$ 19 milhões em despesas sem licitação para atividades diversas e Carlomano foi encontrado portando R$ 300 mil em espécie. A investigação ainda apontou "lavagem de dinheiro e incapacidade técnica, operacional e patrimonial das empresas contratadas para a realização dos serviços".
A Justiça afastou Carlomano da função de prefeito por 180 dias e determinou o encerramento imediato dos contratos da Prefeitura com empresas e pessoas físicas investigadas. Em outubro do mesmo ano, ele e demais agentes públicos tiveram a suspensão do cargo na prefeitura prorrogada por mais 180 dias.
Na decisão, a desembargadora Vanja Fontenele Pontes relatou que há “existência de robustos indícios de participação do gestor Carlomano Gomes Marques nas condutas ilícitas sob apuração”, justificando o afastamento do prefeito alvo da Justiça como necessário para a continuidade da investigação.
Em gravação publicada em seu perfil no Instagram, Carlomano lamentou estar afastado há dez meses e apontou estar vivendo uma "angustia". Segundo ele, o sentimento é associado ao fato de que, durante os meses em que está sendo investigado, não ser apontado nem como "culpado" e nem como "inocente".
"Infelizmente a Justiça, de uma maneira ao meu ver insensata, resolveu me afastar. Afastar Carlomano Marques da cadeira de prefeito de Pacatuba, me arrancar da cadeira de prefeito que o povo me colocou (...) Você não queira saber a minha dor, o meu sofrimento, as minhas angústias", disse em vídeo.