PDT é partido em que Cid Gomes ficou por mais tempo em trajetória política de 37 anos

Foram oito anos e quatro meses como militante do PDT, legenda pela qual se elegeu senador, em 2018, com 3.228.533 votos. Cid retorna ao PSB após rompimento com o irmão Ciro Gomes. Episódio inédito, pois os dois sempre estiveram no mesmo partido

Pensado para ser um evento proporcional ao tamanho que pretende ter o novo PSB, o ato de filiação de Cid Ferreira Gomes e do grupo político, às 9 horas deste domingo, 4, reconfigura a política do Ceará. Numa perspectiva particular, significa a ruptura oficial do ex-governador com a legenda a que esteve filiado por mais tempo ao longo de uma vida pública de 37 anos, a contar da primeira candidatura: a vice-prefeito de Sobral pelo MDB, na chapa do Padre Zé Linhares, em 1988. Foram oito anos e quatro meses como integrante do PDT, legenda pela qual se elegeu senador em 2018, com 3.228.533 votos (41,62%). Ciro e Cid Gomes nunca demonstraram constrangimento ao falar sobre a acidentada militância partidária.

Em setembro de 2015, no ato de filiação ao PDT, em Brasília, Ciro afirmou desejar que aquele fosse o "ato final" de sua "sofrida" transitoriedade entre legendas. O ex-ministro dirigiu palavra de pacificação ao então presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo. Ouvida em retrospecto, a fala ao deputado federal adquire contornos premonitórios, precisamente no ponto em que ressalta o temor de Figueiredo em acolher um grande grupo, bem maior que o seu. Uma teia de lideranças locais historicamente articulada por Cid Gomes, enquanto Ciro voltava holofotes para suas aspirações nacionais. 

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"É absolutamente natural e humano nessa nossa atividade que ele temesse (a filiação dos irmãos). O nosso grupo é muito grande. São muitos prefeitos, muitos deputados federais, muitos deputados estaduais e nós caminhamos em bando. Costumamos andar em bando para se proteger melhor, nessa nossa tradição clânica. Mas eu, como fazem as pessoas que não têm nenhuma pequenez moral, quero anunciar que nós todos, esse grupão inteiro, vai votar no André para presidente do PDT cearense", disse Ciro Gomes, cercado por vários aliados nacionais e estaduais, entre os quais o então governador Camilo Santana (PT), senador eleito em 2022 e atual ministro da Educação. 

O grupo liderado por Cid se insurgiu contra o comando de Figueiredo no início de 2023. Grande parcela da pujança da legenda trabalhista no Estado se transferirá para a agremiação socialista de Miguel Arraes (1916-2005), cearense de Araripe e liderança fundamental do partido a que Cid retorna 11 anos depois de deixá-lo. Arraes está para o PSB assim como Brizola para o PDT. Curiosamente, o ano em que o ex-prefeito de Recife e ex-governador de Pernambuco morreu, 2005, marcou o ingresso dos irmãos Ferreira Gomes ao PSB.

De modo inédito, Ciro assistirá ao deslocamento dos irmãos Cid e Ivo Gomes sem acompanhá-los. Ou melhor, sem liderá-los. Lia Gomes também aguarda o desenrolar jurídico para tmbém rumar para o PSB. Desde 2015, o PDT se habituou a ocupar a ponta na contagem de prefeitos pelo Estado, além de contabilizar as maiores bancadas na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e na Câmara dos Deputados. Cid leva consigo um número de prefeitos ainda impreciso, que gira na casa dos 40. Dez deputados estaduais e quatro federais estão ao lado do senador, sem trocar de coloração partidária neste momento em razão do receio de que a direção pedista, conforme prometido, reivindique os mandatos na Justiça Eleitoral.

Pelo PMDB, Cid foi candidato à Vice-Prefeitura de Sobral, em 1988. No PSDB, presidiu a Assembleia Legislativa do Ceará. Como tucano, foi eleito prefeito de Sobral. No PPS, se reelegeu ao Executivo sobralense. No PSB, disputou o Governo do Ceará contra Lúcio Alcântara (PSDB), sangrando-se vencedor da disputa em primeiro turno. Em 2013, na reta final da administração Cid no Ceará, ele estava filiado ao Pros. Buscou fora do partido o candidato à sua sucessão: o deputado estadual Camilo Santana. No PDT se elegeu senador.

A trajetória partidária de Cid Gomes 

  • PMDB (1983-1990): 7 anos
  • PSDB (1990-1997): 7 anos e 9 meses
  • PPS (1997-2005): 8 anos
  • PSB (2005-2013): 8 anos
  • Pros (2013-2015): 2 anos
  • PDT (2015-2024): 8 anos e 4 meses

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