Joice Hasselmann: Ramagem é "cachorro" de Bolsonaro e ex-presidente pode ser preso

Ex-deputada federal ainda afirmou que filhos de jair Bolsonaro integram uma "gangue" e que sabia do monitoramento desde 2019

A ex-deputada federal Joice Hasselmann afirmou ao O POVO News desta quinta-feira, 25, que o ex-diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem (PL), é completamente subjugado a Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de “cachorro” do ex-presidente. Assim, para ela, a atual investigação contra Ramagem é a que está “mais perto de pegar” Bolsonaro, podendo culminar em uma possível prisão.

“O Ramagem é cachorro do Bolsonaro. Ele só faz o que o Bolsonaro manda, inclusive, agora como deputado. Existe um ímã chamado Ramagem e outro chamado Bolsonaro, eles vão se colar. Essa investigação vai bater na porta. O caso que está mais perto de pegar o Bolsonaro é esse, apesar de tantas investigações”, afirmou.

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Segundo ela, mais do que a coleta de informações de adversários, a Abin foi utilizada como estratégia de proteção dos filhos de Jair, que a ex-deputada afirma consistir em uma “gangue”. “Os filhos juntos formam uma gangue. Eu conversei, eu convivi com aquela gente, eles formam realmente uma gangue”, disse.

Hasselmann foi citada como um dos nomes espionados pela Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem. Junto dela, integram a lista os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e o ministro da Educação, Camilo Santana.

Na entrevista, Joice citou que tinha conhecimento do monitoramento desde 2019 e este consistia em perseguições de carro, grampos e rastreadores em telefones celulares, até mesmo vigias na vizinhança de sua casa em Brasília.

“Eu morava em um apartamento funcional em Brasília e durante muito tempo sempre tinha alguém pendurado poste, como se fosse um técnico. Queriam saber se todo jeito quem entrava e saia da minha casa.”

Ela afirma que a espionagem era de conhecimento geral da equipe de Bolsonaro, citando que nomes como o do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança, sabiam de tudo. O motivo do esquema seria incriminar adversários políticas, como a própria Joice, que é rompida com o ex-presidente e sua família.

“O porquê é a questão de ser desafeto. Eu era uma voz firme de direita contra o bolsonarismo, com redes sociais de alcance. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, todas as decisões passavam por ele. O Camilo foi por ser oposição. Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, ministros não indicados por Bolsonaro. Todo e qualquer desafeto poderoso”.

Segundo Hasselmann, toda mínima informação era coletada e virava um relatório repleto de “informações distorcidas e manipuladas”. Essa operação era comandada por Ramagem.

“Todo monitoramento virava um dossiê, porque as informações eram manipuladas, distorcidas e municiar as redes sociais. Municiavam a tropa do gabinete do ódio. Cotaram a Abin, que tem funcionários de carreira, nem todo mundo se dobrou. Por isso tiveram que colocar o Ramagem. Onde ele [Bolsonaro] conseguiu colocar as mãos em segurança e inteligência ele colocou”, disse.

Caso Marielle

Joice Hasselmann ainda citou o possível monitoramento da Abin contra Simone Síbilo, promotora da força-tarefa que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do Anderson Gomes.

Para a ex-deputada, a delação de Ronnie Lessa, que teria indicado o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro como mandante do crime, não pode ser tomada como verdade absoluta.

“Eu não colocaria minha mão no fogo como sendo verdade o que o Ronnie Lessa disse, tanto que não divulguei a notícia. Não estou dizendo que o 'fulano' do Tribunal de Contas (Domingos Brazão) é inocente ou culpado, estou dizendo que a coisa está toda muito mal explicada”, disse.

O monitoramento da Abin, de acordo com Hasselmann, leva a uma interpretação diferente. Ela insinua que a espionagem indica uma preocupação do ex-presidente Bolsonaro.

“Porque a Abin queria monitorar a procuradora-chefe? A gente vai fazendo perguntas e cada um que chegue à sua conclusão. Não tendo menos que dois neurônios dá pra entender que tem caroço nesse angu, que o Bolsonaro estava preocupado com o andamento do caso e que queria saber pra onde ia e com quem se encontrava a promotora”, afirma.

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