Deuzinho monta gabinete em praça de Caucaia após ser obrigado a deixar gabinete

A primeira ação foi realizada nesta sexta-feira, 26, como uma resposta ao ofício encaminhado pela Secretaria de Governo de Caucaia

Após ser obrigado a deixar as atividades no seu gabinete, o vice-prefeito de Caucaia (RMF), Deuzinho Filho (União Brasil), respondeu ao corte de verbas que o atual gestor do município, Vitor Valim (PSB), decretou. A iniciativa de Deuzinho consiste em atender a população em um gabinete itinerante montado em praças públicas da cidade.

A primeira ação foi realizada nesta sexta-feira, 26, como uma resposta ao ofício encaminhado pela Secretaria de Governo de Caucaia a Deuzinho, cujo texto comunicava uma redução significativa nos valores destinados ao gabinete do vice-prefeito.

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Como consequência do corte de verba, Deuzinho anunciou, no último dia 11, que estaria encerrando as atividades da Casa de Projetos Yara Guerra, sediada no centro da cidade, onde seu gabinete operava.
“Ouvi as vozes dos cidadãos em praça pública, atendendo às suas demandas com determinação e coragem. Podem tentar retirar-me tudo, mas a vontade de seguir adiante e trabalhar incisivamente em prol de Caucaia persiste”, afirmou o vice-prefeito.

O Gabinete Itinerante seguirá realizando as atividades, com o intuito de atender o maior número de cidadãos do município.

Deuzinho é obrigado a deixar gabinete e crise com Valim aumenta

No último dia 11 de janeiro, Deuzinho Filho (União) fez um anúncio nas redes sociais, afirmando que estava “encerrando as atividades” no gabinete. Questionado acerca dos motivos que o levaram a tomar a decisão, o vice-prefeito alegou que foi obrigado a deixar o local de trabalho e “consequentemente exonerar toda a equipe”.

Ele afirmou que recebeu um ofício do prefeito da cidade, Vitor Valim (PSB), anunciando a redução de recursos do gabinete.

“O prefeito enviou ofício remanejando quase todo orçamento do nosso gabinete e sobrou somente para pagar o meu subsídio e da minha secretária, inviabilizando total o funcionamento”, seguiu. “E fui obrigado a sair do meu local de trabalho e consequentemente exonerar toda a equipe, veículos sem combustível, computadores devolvidos”.

A iniciativa do prefeito é classificada por Deuzinho como uma “retaliação” devido às dissidências entre ambos no ano de 2022, quando Valim decidiu ficar ao lado do PT nas eleições para o Governo do Estado, o que acabou dificultando a relação entre ambos.

“Eles não quiseram conversar, só enviaram o ofício de diminuição de recursos, mas acredito que seja mais uma retaliação ainda por conta de 2022. Que também já havia tido a expulsão do prédio da prefeitura na ocasião. E dessa vez foi pior porque a Casa de Projetos Yara Guerra, que tem várias ações e projetos a favor da cidade, ficou inviabilizada”, completou o vice-prefeito.

Ele acrescentou que a conduta de Valim é tida como uma “vingança pessoal” e que o prefeito quer “enfraquecê-lo". Deuzinho pretende se candidatar à prefeitura de Caucaia nas eleições municipais de 2024.

Apesar do embate, o vice-prefeito afirmou que continuaria atendendo as demandas da Casa de Projetos Yara Guerra em outros locais, seja em praças, escolas ou “em qualquer outro lugar”. “Com dificuldades vou tentar com voluntários agora. Fiquei sem equipe. Vou me organizar pra continuar em outro formato”, concluiu.

O prefeito de Caucaia anunciou, no início do mês, que não irá concorrer à reeleição. O gestor está em seu primeiro mandato e afirmou, em transmissão ao vivo, que o projeto político no município será seguido por outro nome.

Em relação a este tema, Deuzinho afirmou ao O POVO que respeita a desistência de Valim, mas não descarta recuo sobre decisão.

“Eu, como um cara que ajudou ele a se eleger, a gente tem que respeitar a decisão dele e a gente continua na luta aí, mostrando o que a gente pode fazer pela cidade. Eu sou pré-candidato, continuo aí, mas eu vejo com normalidade", seguiu. "Todas as decisões são consequências dos seus atos”.

Valim X Deuzinho

Em abril do ano passado, a disputa entre ambos os políticos ganhou destaque após acusações de que Deuzinho estava utilizando verba pública para fins pessoais. Contudo, grande parte da rivalidade entre os dois estava concentrada na tramitação do projeto de lei que autorizava a venda de imóveis pertencentes ao Município, prevendo uma arrecadação de R$ 60 milhões com a alienação dessas propriedades.

Deuzinho se mostrou contrário à proposta de Valim. Ela autoriza a venda de terrenos em que "não foi dada a efetiva destinação pública [...], desprovidos da finalidade pública e, consequentemente, sem cumprir a função social". A proposta, enviada à Câmara Municipal de Caucaia, foi aprovada por unanimidade e registrada no Diário Oficial do Município.

Como justificativa, a prefeitura argumentou, à época, que a venda desses imóveis possibilitava que escolas, hospitais e espaços de “promoção de cultura, lazer e similares” fossem construídos nesses espaços, e apontou que, caso os terrenos permanecessem desocupados, poderiam “ ser objeto de ocupação desenfreada por parte de particulares".

Outro fator que contribuiu para que a crise entre Valim e Deuzinho ganhassem novos rumos é o fato de o prefeito ter firmado aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT) de Elmano de Freitas durante a campanha eleitoral de 2022. Deuzinho, por sua vez, apostava no avanço do eleitorado de Wagner e do Partido Liberal (PL) de Bolsonaro no Ceará, do qual é aliado.

Em nota encaminhada ao O POVO, a Prefeitura de Caucaia informou:

"A Prefeitura de Caucaia, prezando pela verdade e uso responsável dos recursos públicos do município, informa que no ano de 2021 foi gasto pela vice-prefeitura o valor de R$ 891.284,77, já no ano 2022 foi gasto mais de R$ 2.848.340,95 e em 2023 o valor alcançou R$ 1.770.082,12. Reforçando o compromisso com a entrega e melhoria na qualidade de vida de todos os caucaienses, a gestão municipal está realizando uma reforma administrativa e financeira em todas as secretarias municipais. Sendo ainda previsto em 2024, o gasto na vice-prefeitura, no valor de R$ 461.500,00, a serem utilizados conforme critério prioritário do gestor da pasta".

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