Após ação da PF, servidores da Abin defendem que corpo funcional comande agência
17:19 | Jan. 25, 2024
A União dos Profissionais de Inteligência do Estado da Abin (Intelis) defendeu nesta quinta-feira, 25, que o próprio corpo funcional da agência comande a corporação, de forma independente. A posição da associação que reúne profissionais da Agência Brasileira de Inteligência vem após as novas revelações de aparelhamento da Abin em meio a uma operação da Polícia Federal que mira o ex-diretor do órgão, o delegado e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
"Os novos desdobramentos das investigações sobre o suposto uso indevido do programa First Mile indicam ter havido utilização da estrutura e recursos da Abin para práticas de desvios por parte de policiais federais inseridos na Agência", apontou a Intelis em nota.
A associação afirmou que "se confirmados os ilícitos apurados, a problemática gestão da Abin por Alexandre Ramagem e seus assessores reforça a importância de a agência ser gerida por seu próprio corpo funcional, e não por atores exógenos politicamente condicionados, como no governo anterior".
A Intelis ainda defendeu que os profissionais de carreira da Abin são os maiores interessados em uma "apuração republicana" sobre os desvios no uso das ferramentas da Abin e pediu respeito aos servidores do órgão.
A PF cumpre, nesta quinta, 21 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a suspeitos de participar de espionagem ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um dos alvos é Ramagem, que comandou a agência durante o governo Jair Bolsonaro e é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-presidente. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Nas investigações que deram origem à ação desta quinta, a Polícia Federal encontrou registros de que, sob Bolsonaro, o comando da Abin tentou produzir provas que relacionassem ministros do Supremo Tribunal Federal e deputados federais de opção ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Também monitorou a promotora de Justiça do Rio de Janeiro que investigou o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A lista de alvos também incluiria o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, o ministro da Educação, Camilo Santana e a ex-deputada Joice Hasselmann, entre outros.