Alvo de espionagem da Abin, Camilo critica "perseguição de pessoas públicas"
Em nota, o ministro da Educação disse confiar no trabalho da Polícia FederalO ministro da Educação Camilo Santana comentou nesta quinta-feira, 25, a informação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para espioná-lo. Em nota enviada à imprensa, o petista disse confiar no trabalho da Polícia Federal.
"Lamento os fatos relatados hoje pela imprensa, que apontam que a Agência Brasileira de Inteligência, um órgão tão importante, tenha sido utilizado ilegalmente no Governo anterior para perseguição de pessoas públicas. E confio no trabalho da Polícia Federal para apurar responsabilidades, de forma a garantir a preservação do papel da Abin no fortalecimento do Estado Democrático de Direito no Brasil", destaca.
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Camilo teria sido espionado ilegalmente por drones da Abin. Os equipamentos sobrevoaram a residência oficial do governador em 2021, com o atual ministro do governo Lula como governador do Ceará. Agente da Abin foi flagrado operando um drone, mas o caso foi arquivado em 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), sob alegação de que o procedimento se deu dentro de "parâmetros regulares". Dois agentes tinham sido alvo do processo administrativo.
Entretanto, no atual governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), operação da Polícia Federal (PF) batizada de "Vigilância Aproximada", deflagrada nesta quinta-feira, 25, investiga espionagem ilegal feita pela Abin, sob comando de Alexandre Ramagem, atual deputado federal. Camilo teria sido um dos alvos.
Em decisão que autoriza a deflagração da operação pela Polícia Federal (PF), o ministro Alexandre de Moraes afirma que o servidor Paulo Magno, gestor do sistema First Mile, teria operado um drone nas proximidades da residência oficial do então governador do Ceará, Camilo Santana, "comprovando a total ilicitude das condutas".
Moraes então diz que a ausência de motivação para a operação com o drone motivou a instauração de processo administrativo disciplinar, por parte do alto escalão da Abin, que mais tarde seria arquivado. Sem os "artefatos motivadores", como escreve o ministro, o que seria uma operação de inteligência se tornou uma "simples ação de inteligência de acompanhamentos".
"A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20/10/2023. As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", diz a nota da Polícia Federal, publicada no site da instituição.
Ramagem foi nomeado pelo então presidente Bolsonaro para dirigir a Abin em julho de 2019, um mês após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, barrar a nomeação dele para a direção-geral da PF. Moraes, inclusive, é um dos ministros do Supremo que também teriam sido espionados, ao lado de Gilmar Mendes.