Brazão nega que tenha mandado matar Marielle: "A PF está me fazendo sangrar"

Domingos Brazão foi apontado como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco na delação premiada de Ronnie Lessa, atirador no crime ocorrido em 2018

15:52 | Jan. 23, 2024

Por: Thays Maria Salles
O ex-deputado do Rio de Janeiro Domingos Brazão é apontado, em delação premiada, como mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes (foto: Divulgação/TCE-RJ)

Delatado pelo atirador de Marielle Franco, o ex-deputado Domingos Brazão afirma que não mandou matar a vereadora. A afirmação foi feita em entrevista ao portal Metrópoles nesta terça-feira, 23.

"Não mandei matar Marielle", garantiu. Além disso, ele disse viver um drama injusto. "Mas não tira mais meu sono". Brazão é citado nas investigações há mais de três anos. Nesta terça-feira, no entanto, seu nome voltou aos holofotes após o Intercept Brasil divulgar que Ronnie Lessa o aponta como mandante do crime em delação premiada.

Para o ex-parlamentar, “ninguém lucrou mais com o assassinato da vereadora do que o próprio Psol”. Na ocasião, Brazão também disse não conhecer Lessa e Élcio Queiroz, motorista que confessou ter dirigido o carro para o atirador no dia do assassinato de Marielle e de Anderson Gomes.

Ao Metrópoles, o ex-deputado do Rio de Janeiro garantiu não ter medo da investigação e que o uso de seu nome pode ser uma estratégia dos executores do assassinato para proteger alguém.

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“Outra hipótese que pode ter é a própria Polícia Federal estar fazendo um negócio desse, me fazendo sangrar aí, que eles devem ter uma linha de investigação que vai surpreender todo mundo aí", afirmou Brazão.

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Quem é Domingos Brazão

Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, de 58 anos, é apontado por Lessa como um dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. As informações são do Intercept Brasil. O nome dele surgiu pela primeira vez em 2019 e voltou à tona no fim de 2023, na delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz.

Ele foi deputado estadual por cinco mandatos seguidos, que não passaram ilesos de polêmicas e suspeitas de corrupção. Brazão é líder de um grupo político da zona oeste do Rio. Já foi acusado de improbidade administrativa, fraude, máfia dos combustíveis e envolvimento com milícias na compra de votos e formação de curral eleitoral.

Conforme apuração do Intercept, a motivação que teria colocado Brazão no comando do crime seria uma suposta vingança contra o ex-deputado Marcelo Freixo (PT), à época no Psol. Marielle trabalhou com o parlamentar por 10 anos e Brazão sempre entrou em disputas políticas com Freixo quando também integrava a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.