Presidente do PDT diz que contas da sede do partido estavam atrasadas: "Tudo foi cortado"
"No Natal, para ter dinheiro, foi preciso que se fizesse uma cota para pagar os funcionários", disse Torres, afirmando que seu antecessor no comando do PDT, Cid Gomes, "gastou todo o tempo em carta de anuência"
16:58 | Jan. 16, 2024
Em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, o ex-senador e presidente da comissão provisória do PDT cearense, Flávio Torres, afirmou que a agremiação está 'mal das pernas' no aspecto financeiro. Na entrevista concedida nessa segunda-feira, 16, Torres descreveu que, ao chegar no PDT na última sexta-feira, encontrou o portão do partido trancado. Estranhou o fato e ligou para uma funcionária da legenda, perguntando onde todos estavam.
"Não, professor, não tem condição de estar aí, não, está todo mundo em casa, não tem internet, o aluguel está atrasado três meses, os funcionários estão atrasados três meses", narrou Flávio sobre o que teria escutado da funcionária.
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"No Natal, para ter dinheiro, foi preciso que se fizesse uma cota para pagar os funcionários. Então, luz para ser cortada, água, tudo foi cortado. A administração que veio até o dia 31 (de dezembro), não sei de quem é a responsabilidade, não ligou para essa parte. Gastou todo o tempo em carta de anuência. Não teve tempo para se preocupar com a administração", ironizou Torres.
O senador Cid Gomes (PDT) antecedeu-lhe no comando partidário em meio à briga aberta com o grupo do ex-ministro Ciro Gomes, do qual fazem parte o ex-prefeito Roberto Cláudio, o atual prefeito José Sarto, o deputado federal André Figueiredo e o próprio Torres.
"Sair daqui eu vou no banco ainda me credenciar para a gente começar a conseguir dinheiro e pagar. Tem muitas continhas. (...) Enche uma página de continhas pequenas. O aluguel parece que conseguiram pagar. Essa é a parte mais fácil" complementou.
Cid e seu grupo, estimado em cerca de 40 prefeitos e 10 deputados estaduais (13 com suplentes), cinco deputados federais, além de vereadores, migram para o PSB em 4 de fevereiro. Torres afirmou que espera até o dia 4 de fevereiro para saber quem de fato sairá e quem fica no partido.
"Depois do dia 4 de fevereiro, que é a data, dessa vez é a terceira data que eles adiam. estão dizendo que vão para o PSB. Tudo bem, quando eles forem, e quem tiver de sair, sair, nós vamos ter essa geografia real do partido no Ceará".
Ciro Gomes, ex-candidato a presidente e agora adversário de Cid Gomes, também já ironizou as cartas de anuência concedidas pelo irmão quando no comando do partido.
Figueiredo dizia, em novembro de 2023, que foram emitidas cartas de anuência “até para quem não precisa”, como prefeitos do PDT que apoiam Cid. Como são cargos majoritários, a legislação eleitoral autoriza a troca partidária a qualquer momento. Ciro o interrompeu o aliado brevemente e falou em tom irônico: "Disse que foi dada uma carta de anuência até para um poste na frente da sede do partido", comentou.