O que está acontecendo no Mar Vermelho: Houthis entram em conflito com EUA e Israel

Rebeldes do Iêmen realizaram uma série de ataques contra o que consideram transporte marítimo associado a Israel na rota comercial internacional que atravessa o Mar Vermelho. Estados Unidos e Reino Unidos reagiram com ofensiva aérea

Os ataques aéreos liderados pelos EUA contra os rebeldes Houthi do Iêmen em resposta às investidas a navios do Mar Vermelho mataram pelo menos cinco pessoas e feriram seis na madrugada desta sexta-feira, 12, disseram os Houthis. O ataque também ameaçou desencadear um conflito regional sobre a guerra de Israel contra o Hamas, que a administração Biden e os seus aliados têm tentado acalmar há semanas.

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Ainda não está claro a extensão dos danos causados pelos ataques dos EUA, embora os Houthis tenham afirmado que pelo menos cinco locais, incluindo campos de aviação, foram atacados. O Reino Unido disse que seus ataques atingiram um local em Bani alegadamente usado pelos Houthis para lançar drones, e acertaram também um campo de aviação em Abbs usado para lançar mísseis de cruzeiro e drones.

Hussein al-Ezzi, um funcionário Houthi no Ministério das Relações Exteriores, reconheceu um "ataque massivo" de navios, submarinos e aviões de guerra americanos e britânicos. "EUA e Reino Unido terão, sem dúvida, de se preparar para pagar um preço elevado e suportar todas as terríveis consequências desta agressão flagrante", escreveu al-Ezzi online.

Mohammed Abdul-Salam, o principal negociador e porta-voz dos Houthis, descreveu separadamente os EUA e o Reino Unido como tendo "cometido tolices com esta agressão traiçoeira".

"Eles estavam errados se pensavam que iriam dissuadir o Iêmen de apoiar a Palestina e Gaza", escreveu ele. "Os alvos Houthi continuarão a afetar os navios israelenses ou aqueles que se dirigem aos portos da Palestina ocupada", disse.

Em Saada, reduto dos Houthis no noroeste do Iêmen, centenas de pessoas se reuniram para uma manifestação na sexta-feira. A multidão gritava o slogan Houthi: "Deus é o maior; morte à América; Morte a Israel; amaldiçoamos os judeus; vitória para o Islã".

O Irã, que forneceu armas e ajuda aos Houthis, condenou o ataque numa declaração do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanaani. 

Proteção no Mar Vermelho

Os países da União Europeia debaterão na próxima semana a possibilidade de enviar uma missão naval para proteger o transporte marítimo no Mar Vermelho, após os recentes ataques do rebeldes Houthis do Iêmen, disseram fontes diplomáticas nesta sexta-feira (12).

A ideia estava em pauta em Bruxelas antes de os Estados Unidos e Reino Unido decidirem bombardear as posições Houthis no Iêmen, cujo um terço do território é controlado por rebeldes, que contam com o apoio do Irã e enfrentam o regime iemenita com o apoio da Arábia Saudita.

Segundo fontes diplomáticas na Bélgica, a questão poderia começar a ser analisada na próxima terça-feira (16), na busca por um plano para complementar uma aliança formada pelos Estados Unidos e na qual já participaram diversos países do bloco europeu.

A Espanha anunciou nesta sexta-feira que não participará de uma eventual missão europeia ao Mar Vermelho porque já "está participando de 17 missões [internacionais] no momento", declarou em Madri a ministra da Defesa, Margarita Robles.

Em 2023, a União Europeia começou a analisar a possibilidade de ampliar sua missão Atalanta, centrada em proteger o transporte marítimo na costa da Somália, mas o projeto ficou travado.

"Trabalhamos intensamente" para "contribuir para a estabilização" da situação no Mar Vermelho, afirmou nesta sexta-feira, da Malásia, a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock.

"Os huthis são responsáveis pelas consequências de suas ações", ressaltou.

Estes rebeldes do Iêmen realizaram uma série de ataques contra o que consideram transporte marítimo associado a Israel na rota comercial internacional que atravessa o Mar Vermelho.

Os huthis tomaram controle de uma parte importante do Iêmen desde a guerra civil iniciada em 2014, apoiados pelo Irã.

Os ataques aéreos realizados na madrugada de sexta-feira pelos EUA e o Reino Unido se somam aos crescentes temores de um conflito mais amplo na região. Os alvos foram uma base aérea, aeroportos e um acampamento militar, segundo o canal de televisão huthi Al-Masirah. Correspondentes da AFP e testemunhas relataram bombardeios em Hodeida e Sanaã.

Em Bruxelas, um porta-voz da Otan afirmou nesta sexta-feira que os ataques dos EUA e Reino Unido contra os huthis no Iêmen foram "defensivos'.

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